O quartel-militar de Cacique Juan Maraza, em Cochabamba, na Bolívia, foi tomado por cerca de dois mil manifestantes pró-Evo Morales nesta sexta-feira (01/11). O grupo de militantes apoiadores do ex-presidente boliviano ingressou no local e fez cerca de 20 militares de reféns. “Que viva a luta”, gritaram os ativistas ao tomar o controle do recinto.
Em um vídeo, um fardado pede aos seus superiores pelo fim da repressão aos bloqueios, “já que a vida de todos os meus instrutores e dos meus soldados está em perigo”. “Por favor, meu general, peço sua autoridade para considerar. Estamos aqui pais, filhos, irmãos, famílias inteiras”, afirmou o militar.
Depois, grupos das comunidades Carrasco Tropical relacionadas a Morales tomaram a Base Naval de Puerto Villarroel “CC Carlos Caballero”, como parte das medidas de pressão contra a operação de desbloqueio policial acionada nesta sexta-feira.
Outro grupo de pró-Morales também tomou o quartel-general do Regimento de Infantaria RI-31 “Coronel Epifanio Ríos”, nos Trópicos de Cochabamba.
Através de um comunicado, o Comando-Geral das Forças Armadas do país instou os grupos a abandonarem os locais imediata e pacificamente. Além disso, condenaram que “grupos armados irregulares” teriam atacado as instalações dos quartéis, sequestrando militares, armas e munições, o que se constitui em atos criminosos, segundo o regimento.
Mais cedo, o presidente Lucho Arce ordenou a desobstrução das vias com o uso do aparato militar, o que gerou repressão. A resposta dos manifestantes evistas veio através da tomada do quartel de Juan Maraza.
Arce afirmou que a tomada de instalações militares, “em qualquer parte do mundo” é um “crime de traição à Pátria”: “uma afronta à Constituição Política do Estado, às Forças Armadas e ao próprio povo boliviano, que rejeita veementemente os bloqueios”, disse em suas redes sociais.
O chefe de Estados chamou os apoiadores de Morales de “criminosos” e rechaçou a atitude dos grupos.
Apoiadores de Evo Morales bloqueiam Cochabamba
Os apoiadores de Morales estão realizando protestos e bloqueios há cerca de 19 dias. Ao menos 20 pontos do país estão bloqueados, movimentação que é denunciada pelo governo Arce de impedir a locomoção de suprimentos na Bolívia.
A maioria desses bloqueios estão em Cochabamba, no centro da Bolívia. Os evistas reivindicam o fim da “perseguição judicial” contra o ex-presidente.
Isso por que, Morales está sendo acusado por supostos crimes por parte do Ministério Público boliviano. Além disso, os manifestantes pedem a saída de Arce, que denuncia os bloqueios.
Morales x Arce
Há meses, Evo e o atual presidente Arce – ex-aliado do ex-presidente – tem entrado em rota de conflito para domínio do partido MAS (Movimento ao socialismo). Morales deseja ser candidato à Presidência em 2025, enquanto Arce deseja ser o nome unificado da esquerda.
No último domingo (27/10), Morales sofreu um ataque a tiros contra o seu carro nas proximidades da cidade de Shinahota, na região central do país.
Ele colocou a responsabilidade pelo atentado a Arce. “Foram tantos tiros, eles me intimidaram, me torturaram, mas isso nem é o pior, pois esta ação vem de ninguém menos que do Luis Arce”, comentou o ex-mandatário.
Por sua parte, o ministro porta-voz do governo boliviano, Eduardo del Castillo, admitiu que o ataque contra o carro de Morales foi realizado pela polícia, mas alegou que os disparos teriam sido uma reação a uma suposta ameaça anterior dos seguranças do líder indígena, que teriam iniciado o tiroteio, segundo essa versão.
(*) Com ABI e Revista Fórum.