A Acnur (Agência da ONU para Refugiados) elevou nesta sexta-feira (23/12) para 5 mil o número de mortes por afogamento registradas no Mediterrâneo neste ano, após nova tragédia nesta quinta-feira (22/12) com refugiados que buscavam chegar à Europa.
A Guarda Costeira italiana realizou quatro operações de resgate no Mar Mediterrâneo Central. Em dois incidentes distintos, botes infláveis falharam e os passageiros caíram no mar, segundo as autoridades. O primeiro bote transportava entre 120 e 140 pessoas, com muitas mulheres e crianças. Somente 63 pessoas sobreviveram a este acidente. O segundo barco levava cerca de 120 pessoas, e 80 foram resgatados.
Cerca de 175 pessoas foram resgatadas com sucesso de outro bote e de um barco de madeira. A Guarda Costeira levou 264 pessoas à Trapani, na Sicília. Oito corpos também foram recuperados durante as operações.
ACNUR/Patrick Russo
Refugiados e migrantes resgatados no mar pela Guarda Costeira italiana desembarcam no porto de Augusta, na Sicília. Grupo estava à deriva no mar Mediterrâneo
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O porta-voz da Acnur (Agência da ONU para Refugiados) em Genebra, William Spindler, chamou a atenção para a “necessidade urgente de que os países aumentem as alternativas legais para admissão de refugiados (como reassentamento, patrocínio privado, reunião familiar e bolsas de estudo, entre outros) para que eles não tenham de recorrer a contrabandistas e viagens perigosas”.
Para Spindler, as causas para o alarmante aumento das mortes neste ano no Mar Mediterrâneo são múltiplas. “Mas estas causas parecem estar relacionadas com a diminuição da qualidade das embarcações utilizadas pelos contrabandistas e táticas para evitar que sejam detectados durante a travessia, como o envio de um grande número de embarcações simultaneamente”. Spindler lembrou que tais táticas “tornam o trabalho dos socorristas mais difícil”.
Segundo o porta-voz do ACNUR, uma média de 14 pessoas morreram todos os dias no Mar Mediterrâneo durante 2016, sendo este a maior já registrada. No ano passado, quando mais de um milhão de pessoas cruzaram o Mediterrâneo, 3.771 vítimas foram registradas (contra mais de 5.000 em 2016).