A Guarda Costeira da Itália anunciou ter recuperado, nesta quinta-feira (22/08), o corpo do magnata britânico da tecnologia Mike Lynch, nos destroços de seu iate que naufragou na madrugada de segunda-feira (19/08). As buscas continuam por uma mulher que ainda está desaparecida. O barco afundou após uma tempestade violenta, em Porticello, na Sicília.
Um total de três homens e três mulheres foram considerados como desaparecidos desde a manhã de segunda-feira, quando a embarcação de luxo “Bayesian” afundou na costa italiana.
Mergulhadores especializados trabalhando com um robô subaquático recuperaram quatro corpos na quarta-feira (21/08) dos destroços do iate, agora a uma profundidade de 50 metros, e distantes 700 metros do porto de Porticello. O último homem desaparecido foi recuperado na manhã desta quinta-feira, de acordo com jornalistas da agência AFP, no local. As buscas pela última pessoa desaparecida, uma mulher que poderia ser Hannah, filha de Lynch, continuam enquanto se aguarda a identificação oficial dos corpos.
Uma fonte próxima à investigação indicou que os corpos de Mike Lynch e sua filha não estavam entre os quatro primeiros recuperados.
O acidente com o iate deixou seis mortos, e o primeiro a ser encontrado foi um membro da tripulação ainda segunda-feira, o homem era o cozinheiro do navio.
O empresário encontrado
Mike Lynch, um rico empresário apelidado de “Bill Gates britânico”, estava comemorando com amigos, associados e advogados após sua absolvição em junho em um julgamento por fraude, nos Estados Unidos. Se condenado, o magnata poderia ter passado anos na prisão.
Além de Mike Lynch e sua filha, as outras quatro pessoas desaparecidas desde segunda-feira eram Jonathan Bloomer, presidente do Morgan Stanley International – uma filial do banco americano – e da seguradora Hiscox, juntamente com sua esposa, e Chris Morvillo, advogado que defendeu Mike Lynch em seu julgamento nos Estados Unidos, e a esposa.
O navio afundou minutos depois da passagem de um tornado na manhã de segunda-feira. Quinze pessoas foram resgatadas com vida.
Uma longa série de erros
Testemunhas iniciais relataram que o mastro de 75 metros havia se quebrado, mas as informações disponíveis na quarta-feira pareciam indicar que esse não era o caso.
A velocidade com que o iate afundou e o fato que outros barcos ao seu redor não foram afetados levantam questões, especialmente se a quilha pesada, que funciona como contrapeso para o imponente mastro, estava abaixada ou levantada no momento da tempestade.
O chefe do The Italian Sea Group, proprietário do estaleiro Perini Navi, que construiu o Bayesian, defende a hipótese de erro humano.
“Tudo o que aconteceu indica uma longa série de erros. Os passageiros não deveriam estar nas cabines, o navio não deveria estar ancorado”, disse Giovanni Costantino em uma entrevista ao italiano Corriere della Sera, na quinta-feira.
“Veja, um navio da Perini resistiu ao furacão Katrina, um furacão de categoria 5” que devastou os Estados Unidos em 2005, disse ele.
“Parece que ele não pode resistir a uma tromba d’água local? É costume quando o navio está ancorado ter um guarda no convés e, se ele estava lá, não poderia ter deixado de ver a tempestade chegando”, continuou Costantino.
“Em vez disso, ele (o iate) entrou na água enquanto os hóspedes ainda estavam em suas cabines. Basta um ângulo de 40 graus para que as pessoas que estão em uma cabine se deparem com a porta acima delas: você consegue imaginar um homem de 60 ou 70 anos escalando para sair?”, pergunta o chefe do construtor naval.