O Ministro da Energia e Minas de Cuba, Vicente de la O Levy, informou nesta quarta-feira (04/12) sobre o restabelecimento da eletricidade após o desligamento total do Sistema Eletroenergético Nacional (SEN) ocorrido nesta madrugada.
O representante do governo cubano garantiu que as ilhas de geração já foram ativadas em diversas províncias para aumentar gradualmente o número de circuitos energizados. Também especificou que a recuperação do SEN pode ser mais rápida do que em 6 de novembro, quando Cuba foi afetada pelo furacão Rafael.
#Cuba
Ya funcionan islas de generación distribuida en todo del país. Se priorizan microsistemas eléctricos para el bombeo de agua.
Varias unidades están listas para iniciar arranque.
Hoy habrá un % grande de recuperación del SEN 🇨🇺— Ministerio de Energía y Minas de Cuba 🇨🇺 (@EnergiaMinasCub) December 4, 2024
Em declarações à televisão nacional, De la O Levy afirmou que o corte ocorreu às 02h (00h no horário de Brasília) devido a uma falha automática na central termoeléctrica Antonio Guiteras, uma das mais estáveis e potentes do país.
Além desta central termelétrica, as unidade de Felton (Holguín) e Carlos Manuel de Céspedes (Cienfuegos) são a espinha dorsal do SEN, mas ambas estavam paradas por necessidade de manutenção, de modo que a Antonio Guiteras estava cobrindo o fornecimento de energia de várias províncias.
Segundo o chefe da pasta, a distância entre as províncias normalmente atendidas pelas centrais e Felton e Carlos Manuel é grande, e por isso há oscilações.
O chefe da pasta explicou que a partir do momento da queda, as autoridades cubanas organizaram-se para trabalhar na recuperação da energia elétrica, a partir de geradores, eletricidade por gás e petróleo, e barcos geradores.
Segundo O Levy, tais ferramentas permitirão “que as centrais geradoras de Havana, que dispõem de combustível, sejam energizadas e a partir daí levem energia elétrica” onde há falta neste momento.
O ministro detalhou que a recuperação do SEN “é um processo lento e altamente preciso, que segue um protocolo escrito e detalhado para que não haja contratempos, com inúmeras certificações para consolidar o progresso e evitar contratempos”. “Temos os especialistas e técnicos preparados para fazer este trabalho”, acrescentou.
As declarações do ministro de Energia e Minas ocorreram no âmbito da reunião do grupo governamental para a recuperação do sistema elétrico. Durante esse espaço, a Ministra do Trabalho, Marta Elena Feitó Cabrera, informou que as atividades laborais e letivas estão suspensas. Os serviços vitais não serão interrompidos e nenhum trabalhador será afetado em termos salariais, declarou.
Por sua vez, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel confirmou que seu governo monitora o reestabelecimento do SEN “desde a madrugada” e que as autoridades “trabalham incansavelmente e com precisão na sua reconexão”.
Desde la madrugada damos seguimiento al restablecimiento del Sistema Electroenergético Nacional.
Los compañeros de @EnergiaMinasCub y @OSDE_UNE trabajan sin descanso y con precisión en su reconexión. Ya funcionan varias islas de energía en el país. Hoy debe haber buen avance.
— Miguel Díaz-Canel Bermúdez (@DiazCanelB) December 4, 2024
“Várias ilhas energéticas já operam no país. Deve haver um bom progresso hoje”, garantiu o mandatário.
Em abril passado, a Opera Mundi, a economista e pesquisadora sobre o mercado imobiliário de Cuba Aline Miglioli explicou que Cuba tem dependência energética do petróleo “em uma situação em que não é fácil conseguir petróleo. Isso por que, o bloqueio imposto pelos Estados Unidos à ilha tem “dimensões desconhecidas” e que uma delas envolve questões logísticas.
“Os navios que atracam em Cuba precisam ficar em quarentena por meses e não podem atracar nos Estados Unidos depois. Mas Cuba fica a 200 quilômetros da Flórida, nos EUA. Em que plano logístico faz sentido um navio que faz comércio estrangeiro passar por Cuba e não passar pelos Estados Unidos?”, explicou ela, apontando que o petróleo, além de caro e pesado de transportar, ainda enfrenta essa imposição logística do bloqueio para chegar a Cuba.
Se o petróleo não consegue chegar à ilha, por que não abrir uma hidrelétrica, instalação para energia solar ou nuclear? E a resposta é simples: Cuba não tem rios ou capacidade tecnológica e financeira para importar os insumos necessários para promover formas alternativas de energia.
Já sobre a última opção, a União Soviética doou à Cuba em 1976 uma estação de energia nuclear, mas a URSS caiu e o projeto não foi finalizado. “Cuba não conseguiu de maneira autônoma reanimar esses investimentos e a estrutura foi se deteriorando de forma que hoje é muito mais custoso terminar essa obra”, afirmou Miglioli.
“Nem tudo é bloqueio”, reconhece a economista. “É preciso dizer que existiram decisões que não deram certo e falhas, como em toda a economia. Porém, esses erros aconteceram em uma situação muito agravante que é o bloqueio econômico imposto pelos EUA”, disse.
(*) Com TeleSUR