A hashtag #AntiHSM ficou no topo dos temas mais buscados rede social X na França, nos últimos dias. A sigla significa “anti-assédio sexista, misógino e racista” e foi criada por um grupo de 14 mulheres negras para denunciar o cyberbullying sofrido por elas. Uma iniciativa que se posiciona entre a luta contra o sexismo e contra o racismo.
Desde o lançamento da hashtag, os depoimentos continuam a aumentar. Todos os dias, a conta “ANTIHSM” no X (ex-Twitter) recebe dezenas de mensagens de mulheres negras que sofrem agressões online, através de insultos ou da difusão de fotos e vídeos íntimos.
“Ficamos parcialmente surpreendidos com a rapidez com que aconteceu, mas não ficamos surpreendidos no sentido de que é algo que muitos esperavam”, diz Perle Vita, cofundadora e porta-voz do movimento.
Em 2018, a ONG Anistia Internacional alertou para os ataques desproporcionais contra mulheres negras no Twitter. Um estudo revelou que elas tinham 84% mais de probabilidade de serem alvo de tuítes ofensivos que outros usuários.
“Estamos vendo uma desumanização das mulheres negras. Elas são ainda mais criticadas por sua presença em espaços públicos e procuramos torná-las invisíveis”, diz Perle Vita.
Afrofeminismo
O movimento #AntiHSM faz parte do afrofeminismo, a luta pelo reconhecimento dos direitos das mulheres negras na sociedade. As quatorze co-fundadoras querem acabar com o sexismo e o racismo que vivenciam.
“Vemos que as mulheres negras estão cansadas, mas as mulheres minoritárias em geral também. Não vamos parar apenas em uma hashtag. Vamos considerar a possibilidade de nos organizar como um coletivo, ou mesmo como uma associação. Este é apenas o começo para todos esses pequenos movimentos”, diz.
As prioridades do movimento são claras. Elas pretendem investir na plataforma Telegram – onde circulam fotos íntimas e insultos – para combater o cyber bullying e pressionar as autoridades para que proponham leis que protejam as mulheres do ódio online.