Os neurocientistas norte-americanos David Julius e Ardem Patapoutian ganharam o Prêmio Nobel de Medicina de 2021 por suas descobertas dos “sensores” de temperatura e tato no corpo humano.
Ambos dividirão um montante de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a quase R$ 6,15 milhões. De acordo com a Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska, universidade da Suécia responsável pela premiação, os vencedores resolveram a questão de como “impulsos nervosos são deflagrados para que temperatura e pressão possam ser sentidas”.
Nascido em 1955, em Nova York, Julius é professor da Universidade da Califórnia, em San Francisco, desde 1989 e utilizou a capsaicina, composto químico responsável pela ardência e picância da pimenta, para identificar um sensor nas terminações nervosas da pele que responde ao calor.
Esse reação, descobriu Julius, é possibilitada pelo gene TRPV1, que codifica uma proteína de mesmo nome que funciona como um sensor de calor ativado em temperaturas percebidas como dolorosas.
Já Patapoutian, que nasceu em Beirute, no Líbano, e também tem cidadania armênia, é pesquisador e professor do centro de estudos biomédicos Scripps Research, em La Jolla, Califórnia. Ele se utilizou de células sensíveis à pressão para descobrir sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e nos órgãos internos.
“Essas importantes descobertas deram início a intensas atividades de pesquisa, levando a um rápido aumento em nosso entendimento de como nosso sistema nervoso percebe calor, frio e estímulos mecânicos. Os laureados identificaram elos essenciais que faltavam em nossa compreensão sobre a complexa interação entre nossos sentidos e o meio ambiente”, diz o comunicado do Instituto Karolinska.
Nobel Prize org/Reprodução
Pesquisadores resolveram a questão de como impulsos nervosos são deflagrados para que temperatura e pressão possam ser sentidas
A partir da descoberta do TRPV1, tanto Julius quanto Patapoutian, de forma independente um do outro, usaram a substância química mentol para identificar a proteína TRPM8, codificada por um gene homônimo e receptora ativada pelo frio.
Mais tarde, Patapoutian e sua equipe descobriram uma linha celular que emitia sinais elétricos quando células individuais eram tocadas com uma micropipeta. Após uma longa pesquisa, eles conseguiram isolar um gene cuja desativação tornava as células insensíveis ao toque.
Esse canal iônico (conjunto de proteínas na membrana celular) mecanossensível e o gene responsável pela sua codificação receberam o nome de Piezo1, enquanto um segundo gene de funcionamento parecido foi batizado como Piezo2.
Estudos posteriores confirmaram que ambos são canais iônicos diretamente ativados por pressões mecânicas na membrana celular e também desempenham papel importante em processos fisiológicos, como a pressão celular, a respiração e o controle da bexiga urinária.
Segundo o Instituto Karolinska, as descobertas de Julius e Patapoutian foram essenciais para compreender como a temperatura e os estímulos mecânicos são convertidos em impulsos elétricos no sistema nervoso.
*Com Ansa