No primeiro trimestre de 2024, 5.209 empresas declararam falência na Alemanha, segundo o Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) – 26,5% a mais que no mesmo período do ano anterior.
E a tendência deve se manter, segundo especialistas, que projetam 20 mil casos para este ano.
Os dados do Destatis também representam um aumento de 11,2% em relação ao primeiro trimestre de 2020, quando foram registradas 4.683 empresas quebradas antes de a pandemia de covid-19 ter seu impacto total – o primeiro lockdown veio em 22 de março daquele ano, mas os dados só entram para as estatísticas depois de uma primeira confirmação judicial. Já o período da pandemia em si teve regulamentações especiais temporárias que mantiveram baixas as taxas de insolvência.
O Destatis afirma que o ritmo de pedidos de insolvência vem crescendo na casa dos dois dígitos percentuais desde junho de 2023, na comparação com os mesmos períodos do ano anterior. Em outubro 2023, os números já mostravam um aumento de 22,4% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Os setores mais afetados
No primeiro trimestre de 2024, o setor com o maior número proporcional de insolvências foi o de transporte e armazenamento, com 29,6 casos para cada 10 mil empresas.
A indústria da construção veio logo atrás, com 23,5 casos, seguida do setor de serviços econômicos, como agências de emprego, com 23 casos. Entre as empresas de manufatura, o índice foi de 20,3 insolvências.
Tribunais locais calculam que os débitos a credores somavam, no total, cerca de 11,3 bilhões de euros (R$ 65,1 bilhões) – quase o dobro do ano passado (6,7 bilhões de euros, ou R$ 38,6 bilhões).
Já o número de consumidores que solicitaram a renegociação judicial de suas dívidas beirou os 17,5 mil, um aumento de 4,8% em comparação com o mesmo período de 2023.
Recuperação à vista?
As exportações alemãs parecem ter voltado a subir, aumentando as esperanças de que a maior economia da Europa tenha saído de uma recessão.
No entanto, Carsten Brzeski, economista-chefe do banco holandês ING na Alemanha, descreveu os números como “mais um banho de água fria para os otimistas”.
Fortemente baseada em exportações, a economia alemã foi particularmente afetada nos últimos anos pela desaceleração da economia global, por preços de energia temporariamente altos e pelo aumento das taxas de juros.
Consumo privado deve sustentar economia alemã
Também nesta sexta, o Instituto Alemão para Pesquisas Econômicas (DIW) divulgou uma avaliação mais otimista da economia nacional, aumentando as previsões de crescimento do PIB para 0,3% – no final de março, a expectativa da DIW era de 0,1%. Para 2025, o instituto conta com um crescimento de 1,3%.
A expectativa de melhora se dá com o alívio da situação financeira dos alemães, ganhos salariais e desacelaração da inflação, que devem fomentar o consumo privado.