Papa apresenta ‘pequenas melhoras’, e aliados rejeitam possibilidade de renúncia
Segundo Vaticano, líder católico teve evolução de atividades, movimentos cerebrais e respiração, mas segue sem previsão de alta
O papa Francisco, que nesta sexta-feira (21/03) chega ao 36º dia de internação no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, por pneumonia bilateral, “permanece estável, com algumas pequenas melhorias em termos de atividade, motricidade, trocas gasosas e respiração”, informou a Sala de Imprensa do Vaticano.
A nota também confirmou que os médicos mantêm suspensas as ventilações mecânicas não invasivas durante a noite, enquanto o oxigênio de alto fluxo através de cânulas nasais tem sido administrado de maneira gradualmente reduzida no período diurno.
Segundo o Vaticano, o pontífice passou os últimos dias “sob terapia farmacológica, fisioterapias respiratória e motora, trabalhando um pouco e em oração”.
Em relação ao Angelus, oração tradicional da Igreja Católica, do próximo domingo (23/03), as fontes vaticanas disseram que “até o momento, há uma previsão que o líder católico envie uma mensagem escrita, como tem feito nos últimos cinco domingos”.
Por outro lado, a Santa Sé ainda não tomou nenhuma decisão sobre os ritos de Páscoa ou por quem serão ministrados.
Nos últimos dias, o Papa não recebeu novas visitas, exceto de seus colaboradores próximos para procedimentos de trabalho. Ao mesmo tempo, os médicos ainda não deram qualquer indicação de alta a Francisco.

Nos últimos dias, Papa não recebeu novas visitas, exceto de seus colaboradores próximos para procedimentos de trabalho
Papa não deve renunciar
O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Víctor Manuel Fernández, afirmou também nesta sexta-feira (21/03) que não acredita na possibilidade de renúncia do papa Francisco, embora o pontífice de 88 anos esteja internado desde 14 de fevereiro.
“Agora começa uma nova etapa”, declarou Fernández, teólogo de referência de Jorge Bergoglio e aliado próximo do líder católico, durante o lançamento de um livro sobre o Papa em Roma. “Ele é um homem de surpresas, certamente aprendeu muitas coisas ao longo do último mês”, acrescentou.
Ao ser questionado por jornalistas se entre as surpresas poderia estar uma eventual renúncia, Fernández, que também é argentino, respondeu: “Não acredito, de verdade. Isso não”.
No fim de fevereiro, o mesmo cardeal já havia criticado supostas “pressões” por uma abdicação de Francisco, que admitiu em diversas ocasiões que aceitaria deixar o cargo se ficasse impossibilitado de exercer suas funções por motivos de saúde.
“O Papa está muito bem, mas o oxigênio de alto fluxo seca tudo, então ele precisa aprender a falar de novo”, assegurou Fernández, que, no entanto, ainda não soube responder se Francisco voltará ao Vaticano a tempo da Páscoa.
“Ele pode voltar, mas os médicos querem ter 100% de certeza, porque ele acha que deve se dedicar totalmente aos outros, e não a si mesmo”, salientou o cardeal argentino.
Já no início desta semana, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, também foi categórico sobre a possibilidade de uma abdicação. “Absolutamente não”, disse o italiano ao ser questionado sobre o assunto em um evento.
(*) Com Ansa
