Papa era ‘firme defensor do povo palestino’, diz Hamas
Desde início do genocídio na Faixa de Gaza, Francisco se posicionou contra guerra, fez apelos de paz e gerou desconforto em Israel
O grupo Hamas, que mantém resistência na guerra contra Israel na Faixa de Gaza há mais de um ano e meio, declarou que o papa Francisco, falecido nesta segunda-feira (21/04), era um “firme defensor dos direitos legítimos do povo palestino”.
O líder da Igreja Católica sofria de “pneumonia bilateral” com “infecção polimicrobiana”. Francisco havia recentemente superado o quadro, mas não resistiu a complicações de saúde que o acompanhavam há meses. Ele morreu às 7h35 (horário local), na Casa Santa Marta, residência onde escolheu viver desde o início de seu pontificado.
Bassem Naim, membro do gabinete político da organização, destacou por meio de um comunicado o posicionamento do pontífice argentino contra a guerra no enclave palestino e contra os “atos de genocídio em Gaza ao longo dos últimos meses”.
Desde o início do conflito, Francisco fez reiterados apelos em defesa da paz, muitas vezes gerando até desconforto no governo de Israel, e manteve contato diário com a única paróquia católica de Gaza.
Em sua última aparição pública, neste domingo de Páscoa (20/04), Francisco denunciou “uma situação humanitária dramática e ignóbil” na Faixa de Gaza e pediu um cessar-fogo ao conflito que se iniciou em outubro de 2023. Também disse que “é preocupante o crescente clima de antissemitismo que está a se espalhar por todo o mundo”.
“Não é possível haver paz onde não há liberdade religiosa ou onde não há liberdade de pensamento nem de expressão, nem respeito pela opinião dos outros”, destacou o pontífice em sua bênção.

Vatican News
Única paróquia católica em Gaza reúne fiéis em oração ao Papa
A única paróquia católica na Faixa de Gaza, com a qual o papa Francisco manteve uma forte relação durante o genocídio ainda em curso prestou uma homenagem ao pontífice.
“Na paróquia de Gaza, todos se reuniram em oração pelo papa Francisco, onde também foi exposta uma foto sua”, contou o pároco da Sagrada Família local, Gabriel Romanelli, argentino assim como Jorge Bergoglio.
Segundo ele, as orações começaram nesta manhã “de forma espontânea” e às 17h (11h no horário de Brasília) houve uma oração com toda a comunidade.
“Nós agradecemos e oramos por ele [papa Francisco] que tanto amou nossa igreja em Gaza e trabalhou tanto pela justiça e pela paz”, afirmou Romanelli, que manteve contato telefônico diário com o líder da Igreja Católica desde o início do confronto, em outubro de 2023, relação que não foi interrompida por completo nem mesmo nos períodos mais críticos do Papa, que ficou quase 40 dias internado em Roma para tratar a pneumonia.
(*) Com ANSA e Brasil de Fato.
