Papa Francisco perguntou das crianças palestinas em sua última ligação a Gaza
Padre Gabriel Romanelli, da única paróquia católica do enclave, revelou que pontífice manteve contato 'quase todos os dias' após o início do massacre de Israel
O Papa Francisco ligou para a única paróquia católica da Faixa de Gaza pela última vez na noite de sábado (19/04), antes da vigília pascal, para perguntar sobre as celebrações da Páscoa e as crianças palestinas, em um costume que mantinha mesmo durante sua internação hospitalar.
Segundo Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família, que falava com Jorge Bergoglio “quase todos os dias” desde o início do genocídio promovido por Israel no enclave, o pontífice “como sempre, manifestou sua proximidade, sua palavra de consolo, sua bênção e orações pela paz”.
“Era sábado de Aleluia e estávamos preparando a vigília da Páscoa quando, às 19 horas daqui, ele nos ligou”, disse o padre. “A mensagem mais bonita foi ouvir o sofrimento de Gaza mencionado na ‘Urbi et Orbi’, junto com o apelo para parar a guerra”, acrescentou, referindo-se à bênção de Páscoa escrita pelo pontífice.
Romanelli também observou que Francisco havia se tornado tão próximo de sua comunidade que reconhecia as vozes dos paroquianos e sabia os nomes das crianças, e que durante as ligações colocava o alto-falante para que o pontífice pudesse conversar diretamente com os pequenos, a quem os chamava pelo nome.
Ainda segundo o pároco, o líder católico costumava mandar mensagens quando não conseguia telefonar, em meio “momentos em que aconteciam bombardeios e caía a linha”.
“Nesta guerra, morreram 49 cristãos, 5% de toda a comunidade cristã, 20 por morte violenta. Agora aumentou para 50, já que o Papa também era um paroquiano para nós”, disse.
O anúncio da morte do papa Francisco, na segunda-feira (21/04), foi recebido com “muita dor” para a paróquia católica de Gaza, e até mesmo os ortodoxos e muçulmanos vieram oferecer suas condolências, revelou Romanelli.
(*) Com Ansa
