Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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O veículo utilizado pelo papa Francisco, popularmente conhecido como papamóvel, será transformado em uma unidade de saúde móvel para atender crianças na Faixa de Gaza. A informação foi revelada pelo Vaticano no último domingo (04/05), e segundo um comunicado, a adaptação foi um pedido feito pelo próprio pontífice.

Em nota, a Santa Sé destacou que o legado de paz deixado por Francisco “continua a brilhar” em um mundo assolado por conflitos. “A proximidade que ele demonstrou aos mais vulneráveis ​​durante sua missão terrena continua irradiando mesmo após sua morte”, completou. O 266º papa, e o primeiro da América Latina, morreu no último dia 21 de abril em decorrência de um AVC seguido de uma parada cardiocirculatória, após uma longa batalha contra uma pneumonia bilateral.

“Foi seu último desejo para um povo a quem demonstrou tanta solidariedade ao longo do seu pontificado, sobretudo ao longo dos últimos anos”, destacou o Vaticano. De acordo com o comunicado, o pedido foi feito já em meio aos últimos meses de vida de Francisco, que confiou a iniciativa à organização humanitária Caritas Jerusalém.

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“Em meio à guerra terrível, à infraestrutura em colapso, a um sistema de saúde mutilado e à falta de educação, as crianças são as primeiras a pagar o preço, com a fome, as infecções e outras doenças evitáveis ​​colocando suas vidas em risco”, ressaltou a Santa Sé.

“Papa Francisco costumava dizer: ‘Crianças não são números. São rostos. Nomes. Histórias. E cada uma delas é sagrada’ e, com este último presente, suas palavras se tornaram ações.”

Ainda segundo o Vaticano, o papamóvel está sendo adaptado com equipamentos para diagnóstico, exame e tratamento – incluindo testes rápidos para infecções, instrumentos de diagnóstico, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos considerados vitais para manter a saúde de crianças em zonas de conflito.

A equipe que utilizará o veículo em Gaza será composta por médicos e paramédicos, “que alcançarão crianças aos cantos mais isolados de Gaza assim que o acesso humanitário à faixa for restabelecido”, concluiu o comunicado.

Para o secretário-geral da Caritas Suécia, Peter Brune, o veículo permitirá “alcançar crianças que atualmente não têm acesso, em um momento em que o sistema de saúde em Gaza está quase completamente em colapso”.

 Papamóvel será o que Jorge Bergoglio utilizou em sua histórica viagem à Terra Santa em 2014
Presidencia de la República Mexicana/Wikicommons

A expectativa é de que o papamóvel esteja pronto para fornecer cuidados de saúde básicos às crianças assim que o corredor humanitário para o enclave palestino for reaberto. “Não é apenas um veículo. É uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças em Gaza”, destacou Brune.

O papamóvel será o que Jorge Bergoglio utilizou em sua histórica viagem à Terra Santa em 2014, quase no início de seu pontificado. O veículo permaneceu em Belém como lembrança daquela visita, mas também como um símbolo de paz.

Agora, ele será equipado para levar ajuda aos palestinos de Gaza, para onde o Papa ligava todos os dias, mesmo quando sua saúde tornava tudo mais difícil.

“Este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade demonstrados por Sua Santidade pelos mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise”, afirmou Sir Anton Asfar, secretário-geral da Caritas Jerusalém, que reiterou um forte apelo por “um cessar-fogo imediato e duradouro”.

Segundo o religioso, o “trabalho em Gaza é um testemunho do nosso compromisso inabalável com a saúde e o bem-estar da comunidade, mesmo nas condições mais difíceis”.

Desde o início do conflito iniciado em outubro de 2023, com o ataque do Hamas ao sul de Israel, Francisco condenou a guerra diversas vezes e ligava quase que diariamente para a Paróquia da Sagrada Família, em Gaza.

Recentemente, inclusive, Lucio Brunelli, ex-vaticanista da emissora italiana RAI e com quem Jorge Bergoglio mantinha uma relação direta desde os tempos de cardeal, revelou que o líder da Igreja Católica tinha o desejo de visitar Gaza e conhecer a pequena comunidade católica com a qual ele se comunicava quase diariamente desde o início da guerra.

(*) Com Agência Brasil e Ansa