Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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Portugal foi um dos países mais afetados pelo apagão massivo ocorrido nesta segunda-feira (28/04) em grande parte do território europeu, e a capital Lisboa viveu uma tarde de caos, com pessoas nas ruas tentando se adaptar ao inesperado episódio.

Na Avenida Almirante Reis, a maior de Lisboa, alguns comércios fecharam. Nos cafés as pessoas estão ouvindo às notícias do rádio e só a emissora Antena 1 (que pertence à estatal RTP) está no ar. A maioria das rádios privadas estão fora ar.

Com relação ao transporte público, as estações Areeiro (linha verde) e Alameda (linha vermelha e verde) do metrô lisboeta estavam fechadas. Os trens não estavam funcionando porque os trabalhadores da empresa ferroviária CP Comboios estavam em greve desde antes do apagão.

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Um funcionário do supermercado Auchan, na Avenida de Roma, disse a Opera Mundi que a queda do sistema foi acontecendo de forma gradual. A partir do meio-dia (horário local), a loja encerrou os trabalhos. Nesse mesmo horário, outros comércios foram fechando, e por volta das 15h quase tudo estava fechado nessa avenida, com muitas pessoas nas ruas.

Uma das farmácias da cidade está enfrentando sérios constrangimentos, com vacinas e medicamentos em risco
Stefani Costa

Os ônibus da Carris continuaram funcionando e as filas eram enormes nos pontos. O brasileiro Luis, motorista de ônibus, explicou que os ônibus da Carris estão com sistema para quem tem passe no cartão ou cobrando em dinheiro. O problema principal é a comunicação entre os motoristas e turnos. Segundo ele, as conversas estão sendo feitas de forma caótica e por rádio, já que as operadoras telefônicas oscilam.

Alguns trabalhadores do mercado Pingo Doce, na Avenida de Paris, falaram que o sistema saiu do ar completamente ao meio-dia. Por volta das 15h20 estavam todos do lado de fora, esperando o término do horário do expediente, pois não foram liberados.

Muita gente decidiu abandonar o trabalho ou suas tarefas. Um grande número de pessoas foi aos gramados da cidade tomar sol. O quiosque está cheio de turistas e trabalhadores que foram liberados por suas empresas, mas todo tipo de pagamento tem que ser feito em dinheiro.

Transporte público também foi prejudicado pelo apagão
Stefani Costa

Na Avenida de Roma, por volta das 17h, havia uma fila de gente na porta de um mercado chinês comprando velas.

Os pequenos comerciantes indianos e paquistaneses, que sofrem xenofobia diariamente e são tratados como criminosos em muitas situações, salvaram o dia de muitas pessoas em Lisboa depois que as redes de supermercados baixaram as portas.

‘Não conseguimos apontar para uma causa concreta’

O administrador da empresa Redes Energéticas Nacionais (REN), João Faria Conceição, confirmou que o que se passou esta manhã afetou “toda a rede de alta tensão”. Mas, quanto às causas, ele disse que “ainda não conseguimos com toda a certeza apontar para uma causa concreta”.

Mercadinhos administrados por imigrantes seguiram abertos durante o apagão em Lisboa
Stefani Costa

Ainda assim, Conceição indicou que “momentos antes das 11h33 (hora do apagão) houve uma oscilação de tensões verificada na rede espanhola”, situação que levou os sistemas de tensão a dispararem. A partir daí, “há um desequilíbrio total entre o abastecimento e consumo”.

A empresa Águas de Portugal pediu para as pessoas usarem água com moderação. Eles afirmam que os reservatórios têm água, mas que é preciso energia para a transportar, e que mesmo os próprios prédios precisam de energia para fazer chegar a água às torneiras dos consumidores.

Algumas emissoras de rádio têm abordado, em seus noticiários, o debate sobre a privatização e a soberania energética em Portugal, tema que tende a ser um assunto importante no país às vésperas da eleição legislativa, marcada para o próximo dia 18 de maio.

(*) Colaboração de Victor Farinelli.