Seul abre memorial em homenagem às vítimas da tragédia aérea e prefeito pede 'oração pelos falecidos'

Nas primeiras horas do último dia de 2024, um memorial em homenagem às vítimas da tragédia aérea da Jeju Air estava sendo instalado em frente ao portão principal da Prefeitura de Seul, capital da Coreia do Sul.

Diferentemente de qualquer outro fim de ano, as ruas da cidade nesta terça-feira (31/12) estavam silenciosas e muitos cidadãos caminhavam com uma fita preta no peito, simbolizando o luto pelas 179 pessoas que perderam a vida no acidente de avião ocorrido há dois dias, no Aeroporto Internacional de Muan, na província de Jeolla do Sul.

O ‘Memorial Conjunto das Vítimas do Acidente de Avião da Jeju Air’ foi montado para que a população possa, mesmo longe do local do incidente, lamentar as mortes e prestar condolências às famílias enlutadas. Em meio às temperaturas negativas, os organizadores também distribuiam luvas descartáveis e bolsas térmicas aos cidadãos.

A advogada Ha Ga Yeon, que reside em Seul, foi uma das primeiras a chegar no local. Junto com sua mãe, ambas depositaram uma flor e abaixaram as cabeças no altar, em forma de respeito. 

“Sinto que a população sul-coreana carrega traumas envolvendo acidentes que vitimam um número massivo de pessoas. Um trauma de estarem vivendo a vida com normalidade e, de repente, ocorrer uma tragédia com mortes massivas”, contou Ga Yeon a Opera Mundi, mencionando incidentes anteriores que também impactaram tanto o país quanto o mundo, como as tragédias de Itaewon (2022), da balsa de Sewol (2014) e do prédio comercial Sampoong (1995). 

Ga Yeon relatou que, em um primeiro momento, pensou que “muitas (das 181 pessoas que estavam no avião) iam sair com vida” ao ver a rápida ação das equipes de resgate e da polícia na pista do aeroporto. No entanto, ficou chocada quando o Corpo de Bombeiros confirmou o número final de fatalidades.

A empresária Song Yool Na não conteve suas lágrimas. À reportagem, revelou que, quando recebeu a notícia do acidente, pensou por um instante que tivesse perdido a sua amiga.    

“Minha amiga tinha viajado para a Tailândia a trabalho. Ela havia comprado a passagem de volta à Coreia (do Sul) nessa mesma companhia aérea (Jeju Air). Mas, felizmente, soube que ela tinha voltado um dia antes da tragédia. Se ela tivesse pego o avião um dia depois, eu nunca mais a teria visto”, disse Yool Na.

“É uma situação que pode acontecer a qualquer um de nós, a qualquer momento. É muito doloroso pensar como os familiares das vítimas devem estar se sentindo neste momento”, acrescentou.

Prefeito de Seul pede oração

Junto com a comitiva, o prefeito de Seul, Oh Se Hoon, visitou o memorial por volta das 8h (horário local). Após permanecer segundos com a cabeça abaixada em frente ao altar, realizou um breve pronunciamento à imprensa.

“Rezo pela paz daqueles que morreram neste triste acidente”, lamentou a autoridade municipal. “Preparamos este memorial para que todos nós, toda a nossa sociedade possa expressar condolências diante desse grande desastre. Espero que muitos cidadãos se unam para orar pelos falecidos e que expressem suas profundas condolências às famílias enlutadas”.

O governo sul-coreano decretou luto nacional por sete dias, que durará até 4 de janeiro. Em respeito à situação, diversos eventos comemorativos marcados para o fim do ano, assim como agendas culturais e lançamentos, shows e programas da indústria de entretenimento, acabaram sendo cancelados. 

Durante o período de luto nacional, 17 cidades e províncias do país, incluindo Seul, Jeonnam, Gwangju, Busan e Sejong, abrem memoriais públicos para que a população possa prestar homenagens às vítimas da tragédia do avião da Jeju Air.