O papa Francisco, que foi hospitalizado com uma infecção respiratória, teve uma “noite tranquila”, mas seus compromissos programados para o fim de semana foram cancelados, conforme anunciou o Vaticano nesta terça-feira (18/02), descartando possibilidade de alta hospitalar nos próximos dias apesar da condição de saúde do pontífice argentino ser estável.
Francisco “acordou, tomou café da manhã e leu alguns jornais, como faz regularmente”, disse o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, nesta terça-feira, acrescentando que um relatório de saúde seria publicado no início da noite.
O pontífice de 88 anos está internado desde sexta-feira (14/02) no hospital Gemelli, em Roma, por causa de uma “infecção polimicrobiana do trato respiratório”, e seu relatório de saúde publicado na segunda-feira (17/02), mencionando um “quadro clínico complexo”, levantou preocupações sobre o declínio de sua saúde.
Depois de inicialmente liberar sua agenda até quarta-feira (19/02), o Vaticano anunciou hoje que estava cancelando sua Audiência Jubilar no próximo sábado (22/02), especificando que o papa também não presidiria a missa no domingo (23/02). No entanto, o comunicado de imprensa não mencionou a oração do Angelus, que o papa faz todos os domingos às 12h00, mas da qual teve que abdicar no último fim de semana.
A saúde do papa estava na primeira página de todos os principais jornais italianos na terça-feira. A manchete do Il Corriere della Sera diz: “A hospitalização do papa Francisco é prolongada”, e faz uma retrospectiva da agenda muito movimentada dos dias anteriores, afirmando que dez dias de infusões de antibióticos e cortisona não foram suficientes para curar o pontífice.

Audiência pública semanal, Papa Francisco, Praça de São Pedro
Homenagens e orações em todo o mundo
Apesar dos repetidos sustos com a saúde nos últimos anos – problemas no quadril, dores no joelho que forçaram o papa a usar cadeira de rodas, operações, infecções respiratórias – Jorge Bergoglio tem mantido um ritmo intenso no Vaticano, para desespero de seus médicos, que sempre lhe pedem para diminuir as atividades.
Sua hospitalização, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu as perguntas sobre sua saúde frágil, especialmente porque ocorre no início do ano do jubileu da Igreja Católica, marcado por uma longa lista de eventos, muitos dos quais são presididos pelo papa.
Na segunda-feira à noite, o Vaticano disse que Francisco não tinha febre, que estava trabalhando e que estava agradecendo a todos que lhe enviaram orações ou expressões de afeto do mundo inteiro. Até no Brasil, o Cristo Redentor, gerenciado pela arquidiocese do Rio de Janeiro, projetou o rosto do religioso para desejar boa recuperação ao papa argentino: “Estamos todos em oração pelo Papa Francisco! Elevamos nossas preces pela recuperação do Santo Padre @franciscus, para que Deus lhe conceda saúde, força e paz. Que nosso coração se una em fé e esperança neste momento!”, escreveu a página do Instagram do monumento com um vídeo na noite de segunda.
Na manhã de terça-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano, fiéis e turistas se reuniram sob um céu nublado, saudados por agentes com coletes verdes, responsáveis por direcionar os milhares de peregrinos para o Jubileu de 2025.
“Estou um pouco preocupada com a saúde do papa e espero que ele melhore logo”, disse Birgit Jungreuthmayer, 48 anos, turista católica austríaca, à AFP. “Tenho confiança no tratamento médico oferecido pelos médicos do hospital e (…) sei que eles farão o melhor que puderem”.
“Vou continuar”
Antes de sua hospitalização, o líder da Igreja Católica, que teve parte de um pulmão removido quando era jovem, parecia enfraquecido, com o rosto inchado, a voz ofegante e, em várias ocasiões, delegou a leitura de seus discursos a seus assistentes.
Conhecido por sua personalidade forte, o papa prefere seguir em frente, sem diminuir o ritmo ou aliviar sua agenda, correndo o risco de colocar sua saúde à prova. Em setembro, ele fez a viagem mais longa de seu pontificado, uma peregrinação de 12 dias para os confins da Ásia e da Oceania.
Desde sua eleição em 2013, o papa sempre deixou em aberto a possibilidade de renunciar se sua saúde o impedisse de cumprir seus deveres, como fez seu antecessor Bento XVI.
Mas em um livro publicado em 2024, Francisco disse que não tinha “nenhum motivo suficientemente sério para pensar em renunciar”. A renúncia é uma “possibilidade remota” que só se justificaria no caso de um “impedimento físico grave”, escreveu ele. “Eu continuarei”, declarou ele em uma autobiografia publicada em janeiro. “A realidade é simplesmente que estou velho”.