Na próxima quinta-feira, dia 18 de fevereiro, às 20 horas, no programa SUB40, irei entrevistar o técnico de pugilismo e historiador Breno Macedo.
Algumas pessoas acham curioso, ou até estranho, um jornalista dedicado aos assuntos da política ter como convidado um representante dos ringues.
O fato é que venho de uma família entrelaçada pela luta revolucionária e o boxe. Por parte de mãe, minha ascendência é de uma histórica dinastia pugilística, os Zumbano-Jofre, que deu ao mundo – entre outros campeões – o maior peso-galo de todos os tempos, Éder Jofre.
Vários desses meus parentes, a começar por meu avô, Waldemar Zumbano, um patriarca do boxe brasileiro, foram toda a vida militantes comunistas absolutamente dedicados à causa que defendiam.
A origem radicalmente proletária dos boxeadores, na ebulição dos anos 30, era terreno fértil para as ideias socialistas. Mas a via tinha mão-dupla: o pugilismo ensinava aos revolucionários princípios fundamentais de saúde física, disciplina, humildade, resistência e autodefesa.
O jovem Breno Macedo é um herdeiro dessa tradição, do boxe antifascista, da fusão entre o esporte mais implacável e a luta de classes. Fundador do Boxe Autônomo, dedica-se a formar combatentes, homens e mulheres, entre luvas e livros.
Por coincidência, seu pai é um antigo professor de educação física dos meus tempos de ginásio, Marcos Macedo, o Marcão, a quem pude reencontrar, depois de décadas, quando fui assistir uma apresentação da academia do meu xará na Casa do Povo, no Bom Retiro, em São Paulo, exatamente onde ficava minha escola, o Scholem Aleichem.
Há sobra de motivos, jornalísticos e afetivos, portanto, para recomendar essa inusitada entrevista. Os caminhos da revolução atravessam todos os espaços humanos e também sobem no tablado da nobre arte do pugilismo.