No programa SUB40 desta quinta-feira (13/05), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou Leonardo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular, mais novo partido de esquerda do país, fundado em 2016,.
“É fundamental que a esquerda articule o movimento popular para ir às ruas. A principal tarefa da esquerda neste momento é a derrubada do governo Bolsonaro”, defendeu Péricles.
O líder disse inspirar-se no movimento colombiano, que entendeu que, “se o povo vai às ruas durante uma pandemia, é porque o governo é pior que o vírus”.
Isso não é símbolo de negacionismo, nem significa desrespeitar os protocolos de segurança: “é necessário ir às ruas com máscara, preferencialmente a PFF2; álcool gel e distanciamento”.
Péricles também citou as manifestações nos Estados Unidos em 2020, considerando-as como essenciais para derrotar Donald Trump nas urnas. “Para ter força em 2022 e inverter a correlação de forças, é fundamental que a gente tome as ruas aos milhões”, reforçou.
Mobilizações já estão ocorrendo: nesta quinta, a população foi às ruas em protesto contra a chacina da favela do Jacarezinho no Rio de Janeiro. Além disso, foi convocada uma manifestação nacional no dia 29 pelo impeachment e a saída de Bolsonaro.
“Não vão ser só flores, mas a possibilidade de contaminação num protesto é pequena. Nos EUA, as mobilizações não foram vetores de aumento da contaminação. Eu sei que as pessoas estão com medo, mas com os cuidados devidos, com a determinação de vencer o vetor principal da pandemia, que é o governo Bolsonaro, ir às nesse período representa o início de uma jornada importantíssima”, pontuou.
Eleições de 2022
Sobre a derrota de Bolsonaro nas urnas e a reabilitação política do ex-presidente Lula, Péricles não falou em candidaturas: “Para que tenhamos força em 2022, precisamos primeiro pensar em 2021. E a força da esquerda virá do movimento popular”.
No entanto, o presidente da UP fez alusão a uma unidade de esquerda para derrotar o bolsonarismo nas urnas, pois rejeitou a possibilidade de conciliações com o centro, “que de centro não tem nada”, e defendeu a necessidade de uma oposição “mais combativa”.
Mídia Ninja
Leonardo Péricles foi o entrevistado desta quinta-feira (14/05) no programa SUB40
“Não estamos nos dedicando a debater nomes, mas em criar as condições para que nomes possam ser eleitos. Estamos nos dedicando a discutir programas, mas não podemos cair no erro de abraçar o centrão, nosso programa não pode ficar engessado por alianças eleitorais”, argumentou.
Apesar de não considerar Lula um candidato para 2022, Péricles reconheceu a importância dos governos petistas e da liderança que o ex-presidente representa. “Mas a ressalva que nós fazemos [aos governos do PT] é que não se levou até o fim o enfrentamento com as classes dominantes”, ponderou.
Para 2022, o presidente da UP acredita ser necessário fazer uma “avaliação profunda do que foram esses governos” para que os próximos sejam mais revolucionários e criem as condições para se manter no poder, apenas possível por meio da mobilização constante do povo, de acordo com o dirigente.
Unidade Popular
Péricles também abordou na entrevista a criação de seu partido, em 2016, até o longo processo de finalização de seu registro eleitoral, em 2019 – “um trabalho difícil”. Segundo a legislação brasileira, é necessária a assinatura de meio milhão de eleitores e eleitoras para se registrar um partido.
“A UP não nasce de uma racha de nenhum partido, vem de movimentos que já existiam, de muita trajetória de resistência, enfrentamento e luta popular. O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas [coordenado por Péricles], por exemplo, que compõe o partido, existe desde 1999. E de muitas pessoas que foram de outros partidos mas não se sentiam representados por nenhum”, contou.
Para os fundadores da nova legenda, era necessário criar uma esquerda mais combativa e radical no meio institucional. A partir disso, a ideologia da UP se baseia na luta popular e no socialismo.
“Precisamos de uma ampla unidade popular para realizar um conjunto de trabalhos, como reforma agrária, urbana, taxação de grandes fortunas, estatização de empresas estratégicas; com o compromisso de ir ao enfrentamento com as classes dominantes”, explicou Péricles.
Além disso, o partido se considera uma organização marxista que reivindica as grandes experiências socialistas do século 20 na Europa e na Ásia e os processos de luta anticolonial e anti-imperialista na África e América Latina.
“Consideramos necessário conciliar o conjunto de lutas. Registramos o partido por entender que o espaço institucional também é um espaço de luta importante. Se alargamos a participação popular, conseguiremos avanços. Só não temos ilusões de que a transformação para o socialismo seja possível apenas pela via institucional”, considerou.