No programa SUB40 desta quinta-feira (25/11), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou Gabriel Landi, advogado trabalhista e editor da Lavra Palavra, recentemente eleito para o Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro, sobre sua trajetória e os caminhos da legenda.
O dirigente revelou que, no início de sua militância política institucional, se filiou ao Partido dos Trabalhadores, em 2009, “quando ainda não tinha tanta consciência do leninismo”, corrente ideológica com a qual se identifica atualmente.
Entrou para o PCB em 2016 e hoje acredita que processos revolucionários bem-sucedidos devem ser dirigidos por partidos leninistas. Outros modelos de partidos comunistas e socialistas até poderiam conduzir a população à revolução, mas falhariam em consolidá-la e em conseguir que se expressasse, na opinião de Landi.
Ele citou como exemplo a Revolução Sandinista, que não triunfou e argumentou: “O papel do leninismo está no pós-revolução. Ser um partido revolucionário não é só ter uma frente militar, a parte militar pode se coordenar nesse mesmo movimento, mas é sobre ter uma ideologia que permite uma democracia interna, com unidade de ação, que ajuda a resguardar contra riscos de divisões internas e contraofensivas”.
Aliás, diante da atual crise do neoliberalismo, Landi disse nunca ter visto as condições “tão maduras para o nosso projeto fazer sentido e ser historicamente viável”. E o projeto do PCB “é insurrecional, com uma unidade de ação que permita a liberdade polêmica, porque a nossa unidade ideológica se assenta sobre uma certa base que defendemos juntos, assim as divergências não deveriam interferir na unidade de ação”.
“Assim como os russos tiveram que extrair a experiência deles de uma derrota, a Comuna de Paris, o PCB acredita que temos que olhar para a experiência chilena, com Salvador Allende, para ver como devemos caminhar. Porque, à diferença da Rússia, em que Lênin se encontrava numa situação nova, num processo de transição de poderes, sem ter nenhum firmado, nós não vivemos num contexto de sociedade convulsionando. Hoje a burguesia está no poder e vai continuar ali se nós não nos organizarmos. O nosso movimento tem que nascer das frestas”, discorreu
Caminho para 2022
Acreditar num processo revolucionário para o Brasil não significa que o PCB despreza os elementos institucionais. De acordo com o dirigente, apesar de a legenda não acreditar que eleger um presidente de esquerda trará a revolução, é importante ocupar os espaços que podem cumprir um papel de organização e tomada de consciência como são os cargos políticos.
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Gabriel Landi foi o entrevistado desta quinta-feira (25/11) do SUB40
Por isso, apesar de o partido ainda estar focado nas mobilizações contra Bolsonaro, a disposição é para lançar uma candidatura independente em 2022. “Pode ser que não saia nem Lula, nem Bolsonaro e nem Moro, e a gente tenha uma eleição super fragmentada. Pode ser que num segundo turno entre Bolsonaro e Lula, a gente apoie Lula. Mas até que ponto estamos dispostos a apoiar Lula a qualquer custo contra Bolsonaro?”, refletiu.
Landi também não descartou a formação de uma frente com unidade de ação. Destacou que o PCB não teria problemas com compromissos parciais, mas sempre colocando os interesses de classe dos trabalhadores no centro. “O problema é a questão amplista”, afirma.
Independentemente do processo eleitoral, o principal objetivo do PCB é se enraizar como um partido apoiado na classe trabalhadora. Para isso, segundo o dirigente, a legenda está buscando se conectar com o povo.
“Estamos apostando na parte de propaganda para criar as conexões mais profundas possíveis com as pessoas, no movimento sindical e outros. Pode ser que por muito tempo a gente não tenha maioria, os movimentos revolucionários não nascem da maioria, mas tudo depende da nossa capacidade de se enraizar”, defendeu.