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SUB40

Paulo Werneck: Lula precisa comprar a briga do livro

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Setor tem sido essencial na crítica ao bolsonarismo, e livrarias de rua dão vida nova ao mercado editorial, segundo o editor; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-06-24T14:31:00.000Z

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O editor, jornalista e tradutor literário Paulo Werneck defendeu no programa SUB40 desta quinta-feira (23/06), com apresentação de Breno Altman, que o próximo presidente do Brasil seja cobrado a comprar efetivamente a briga econômica do livro, abandonada nos últimos quatro anos pelo bolsonarismo.

“Espero um presidente que combata monopólios e não faça uma política de campeões nacionais, que favoreceria monopolistas. A Livraria Cultura, por exemplo, recebeu muita verba do BNDES, e não sei se foi uma política adequada. [...] Espero um presidente que vá a evento literário e a livrarias, não só simbolicamente, mas também do ponto de vista econômico”, disse, elogiando o exemplo de incentivo à leitura oferecido por Luiz Inácio Lula da Silva no período em que esteve preso.

Para Werneck, que desde 2017 é editor da revista literária Quatro Cinco Um, o livro se tornou no atual momento do país um espaço importante de formulação de respostas e de crítica ao bolsonarismo. “Foi um movimento cultural de resposta, à altura daquilo que, na Alemanha, aconteceu com o nazismo”, compara. 

Segundo o entrevistado, a guerra cultural instalada por Bolsonaro tem por objetivo atacar a universidade, criminalizar a atividade intelectual, perseguir artistas e todo o financiamento cultural: “não só a Flip (Feira Literária de Paraty) teve as verbas cortadas, mas também a Flup (Festival Literário das Periferias), que ganhou um prêmio de melhor festival do mundo”.

Mesmo nesse ambiente hostil, a cena de livrarias de rua tem soprado ares de novidade e vitalidade para o setor, na opinião do editor. Especificamente na cidade de São Paulo, ele menciona as livrarias Gato Sem Rabo, Megafauna, Mandarina, Livraria da Tarde e Monstra, que classifica como patrimônio cultural que deveria ser objeto de políticas públicas.

"As que dão mais certo são as que se especializam de alguma forma. A Gato sem Rabo tem uma curadoria só de mulheres. Só entra livro de mulher e é um sucesso total, embaixo do Minhocão, um lugar inóspito onde dificilmente uma livraria comercial abriria uma loja”, exemplifica.

O jornalista, que foi curador da Flip entre 2018 e 2020, convoca, para além das políticas públicas, a responsabilização privada pelo fomento à leitura: “a gente cobra do Estado, mas grande parte da responsabilidade é dos entes privados. As empresas deveriam fazer clubes internos de livro, comprar a causa da leitura internamente, dar livro para funcionários”. 

Divulgação
Paulo Werneck é editor de livros, jornalista e tradutor literário

Werneck trabalha atualmente na construção do Arranjo Produtivo Local do Livro em São Paulo, com o objetivo de reunir empresas editoriais em torno da resolução de problemas em comum. É defensor, por exemplo, de uma política de preço único definido em capa para novos livros, como estratégia para fortalecer a bibliodiversidade, em detrimento das políticas de campeões nacionais e internacionais. 

“Proibir desconto parece dirigismo cultural, mas na verdade impede que o grande livreiro compre muitos livros e negocie descontos mais altos com as editoras. A livraria da esquina não consegue oferecer o mesmo desconto”, afirma.

Editor de uma revista de papel no ocaso do jornalismo em formatos físicos, Werneck desdenha da ideia de que o livro físico possa acabar ou perder seu status histórico. “O livro alimenta Netflix, podcast, noticiário político. Sua força como objeto cultural às vezes fica escondida, mas não está perdida”, argumenta. “O papel está acabando? Ouço falar isso, mas vejo livros por todos os lados.”

A transferência de formato, em especial no âmbito da educação, lhe parece improvável e indesejável: “vamos mandar tablets para as escolas? O custo é alto, quebra. Não dá para substituir por nada a experiência sensível de uma criança mexer com um livro, com ilustrações, cores, cheiros”.

A revista Quatro Cinco Um, segundo seu editor, foi batizada em reverência ao romance distópico Farhenheit 451 (1953), do escritor norte-americano Ray Bradbury: “ele imagina um mundo em que o livro é proibido e queimado por polícia  bombeiros. Até parecia exagerado, mas infelizmente nosso nome tão literário e metafórico ganhou uma realidade muito forte”. 

Werneck sintetiza o papel crucial da leitura na sociedade, inclusive como ferramenta inibidora de obscurantismos como os que tomam hoje o Brasil: “não é um hobby ou uma coisa que sai de moda. É uma habilidade mínima para você ser um sujeito na vida moderna”.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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