Na edição do programa SUB40 desta quinta-feira (19/11), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, conversou com a mestre em História Social da Saúde Jaqueline Brizola. A especialista falou sobre a condução do governo brasileiro diante do novo coronavírus e as ligações históricas com outras pandemias.
Brizola afirmou que, à época da pandemia da gripe espanhola, o Brasil ainda não possuía uma rede pública de saúde estabelecida, é a partir desse momento que as autoridades desenvolvem novas políticas sanitárias. No entanto, a pesquisadora aponta que a condução brasileira diante da covid-19 é “pior” do que em 1918.
“Evidente que se aprendeu muito com esse momento [da gripe espanhola], mas em alguns aspectos, e isso é uma constatação histórica, o governo brasileiro está conduzindo pior a pandemia da covid-19 do que foi conduzida a gripe espanhola 102 anos atrás […] a República era muito jovem, mas eram pessoas que tinham mais noção de como enfrentar uma situação como essa do que nós estamos vendo hoje. Em momento nenhum Venceslau Brás foi a um jornal dizer que era somente uma ‘gripezinha'”, disse.
A especialista disse ainda que o negacionismo e o movimento antivacina são grupos que se “expressam por meio de fake news” e há certa “dificuldade em combatê-los” pois não são organizações recentes. “Esse movimento que estamos vendo é uma ascensão do conservadorismo que retorna aos principais espaços de poder da República. São momentos regressistas que se apresentaram em outros períodos”, afirmou.
Altman e Brizola comentaram também sobre as dúvidas em relação à eficácia das vacinas, em especial das possíveis imunizações que estão sendo estudadas contra a covid-19. A pesquisadora afirmou que não é possível “duvidar de 200 anos de conhecimento científico e das técnicas da ciência”. “As vacinas garantem a expectativa de vida, somos fruto de estudos que desenvolveram vacinas. Onde há menor adesão de imunizações, as pessoas vivem menos”, declarou.
O programa
Todas as quintas-feiras, o fundador de Opera Mundi entrevista, ao vivo, uma personalidade da nova geração que está pautando a discussão política e cultural no país. O nome do programa, SUB40, vem a partir daí: uma conversa com as novas caras do debate público – aqueles com até 40 anos (ou um pouco mais) – para entender suas ideias e antecipar tendências.
Os espectadores também podem participar e fazer perguntas, por meio do chat do YouTube. As questões são selecionadas e feitas por Altman para o entrevistado.