“Garotas não precisam aprender muito! Tudo o que uma filha judia precisa saber é como preparar Gefilte fish, cortar bem o macarrão e dar ao homem muitas crianças.” Essa foi a frase que Emma Goldman (1869-1940) ouviu do pai quando enfrentou sua autoridade, pedindo para continuar estudando.
Não conseguiu voltar à escola, mas não desistiu de continuar a aprender. Um livro, em especial, marcaria sua trajetória: o romance, O que há para ser feito?, de Nikolai Chernyshevsky. Nessa obra, a protagonista, chamava Vera, adota a filosofia niilista, escapa de uma família repressora e passa a viver livremente, criando uma cooperativa de costura. Emma identificou-se fortemente com a personagem.
Em 1885, mudou-se para os Estados Unidos, onde conheceu lideranças anarquistas. Em 1886, a Revolta de Haymarket, em Chicago, de 4 de maio, que levaria às campanhas que transformariam o 1º de Maio no Dia do Trabalhador, marcaram sua adesão ao anarquismo.
Em 1920, foi deportada para a Rússia, onde acompanhou, primeiro com entusiasmo e, depois, com severas críticas, em especial à repressão política, à burocratização e à adoção de trabalhos forçados, o processo revolucionário soviético. Em 1923, foi expulsa do país e migrou para o Canadá.
Com Emma Goldman, o baralho Super-Revolucionários, que os sites Opera Mundi e Nocaute publicam em conjunto, ganha mais uma carta. Já foram publicadas as cartas de Florestan Fernandes, Pagu, Hugo Chávez, Rosa Parks, Vladimir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
Com texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
Em 2020 ainda, alcançaremos um número suficiente de cartas para montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses heróis da resistência e da transformação.
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REBELDIA: 8
Emma Goldman foi, por diversas vezes, presa, acusada de incentivar motins e distribuir, ilegalmente, informações sobre contracepção. Em suas conferências nos Estados Unidos, denunciava as injustiças do mundo do trabalho e foi a primeira grande revolucionária a defender publicamente os homossexuais.
DISCIPLINA: 6
Liderança anarquista ao longo de toda a sua vida política, Emma Goldman não se notabilizou pela disciplina, mas pela crítica feroz ao autoritarismo e pelo pioneirismo feminista. Era fiel a seu engajamento e trabalhava duro, na realização de conferências concorridas e na publicação de veículos revolucionários.
TEORIA: 8
Em 1906, Emma Goldman fundou o jornal anarquista Mother Earth (Mãe Terra). Sua atuação radical produziu importantes reflexões sobre as questões de gênero no capitalismo.
POLÍTICA: 7
A Revolução Russa de 1917 reduziu a força do anarquismo entre os trabalhadores, diante do prestígio alcançado pelos partidos comunistas. Isso não impediu que Emma fosse expulsa da Rússia em 1923, por suas críticas à revolução.
COMBATIVIDADE: 9
Emma Goldmann engajou-se em diversas lutas dos trabalhadores e das mulheres durante a sua vida, apoiando algumas ações radicais, como atentados a figuras públicas (e algumas vezes sendo acusada de participar de sua organização). Foi uma das pacifistas mais importantes a combater o engajamento dos Estados nacionais na Primeira Guerra Mundial e uma pioneira na defesa de direitos reprodutivos, da liberdade de expressão e do movimento anticarcerário.
INFLUÊNCIA: 9
Em 1920, quando foi expulsa dos Estados Unidos, J. Edgar Hoover, chefe do FBI, afirmou que Emma era “uma das mulheres mais perigosas da América”. Sua atuação à época fez de Emma uma das figuras mais importantes e populares do anarquismo. Sua contribuição teórica foi retomada pelos movimentos anarquistas e feministas nos anos 1960 e 1970, e uma frase atribuída a ela tornou-se uma bandeira de resistência: “Se não posso dançar, não é minha revolução”.
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