Walter Benjamin (1892-1940) foi um dos mais importantes pensadores contemporâneos. Ligado à escola de Frankfurt, sem nunca ter sido aceito completamente nos meios acadêmicos da Alemanha, Benjamin se aventurou pela história, pela sociologia, pela filosofia e pela crítica literária com criatividade, elegância, humor e coragem.
Em conjunto com Theodor Adorno, o escritor alemão escreve livremente sobre Karl Marx, Georg Luckás e Bertold Brecht, além de traduzir escritores franceses do naipe de Charles Baudelaire e Marcel Proust.
Filho de uma próspera família judia, Benjamin viveu intensamente os anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial e que assistiram à ascensão do nazismo. Seu engajamento público pelo socialismo, por de meio de artigos e livros, trouxe consequências.
Sua obra mais conhecida é o texto A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica, onde ele discute na qual o ponto central é a destruição da “aura” das obras de arte, enquanto objetos individualizados e únicos. Para Benjamin, os novos meios de reprodução e comunicação de massa destruiriam a aura das obras de arte, que perderiam seu status aristocrático e religioso. Walter Benjamin via o cinema como um meio revolucionário de abalar as estruturas sociais. Ele também foi um dos primeiros pensadores a denunciar a exploração desmedida da natureza.
O escritor demorou para sair da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, mesmo com o cerco aos comunistas e judeus aumentando. Em 1940, com a pressão do governo de Hitler aumentando, Benjamin saiu da França, onde morava havia alguns anos, para tentar sair da Europa via Portugal, passando pela Espanha – precisava atravessar os Pirineus.
Ele deixou Paris com um visto português obtido pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Escola de Frankfurt, que lhe permitia o trânsito através da Espanha e a entrada e a permanência nos Estados Unidos. Mas seu passaporte havia sido retido pela Alemanha, então tecnicamente ele era um homem sem nacionalidade. Com ele estavam Henny Gurland (depois mulher do psicólogo Erich Fromm) e seu filho. Ao chegarem no Hotel espanhol, as regras de trânsito haviam mudado e ele se viu confinado ao seu quarto, com guardas na porta.
Diante da perspectiva de ser deportado para a Alemanha, Benjamin ingeriu uma grande quantidade de morfina. Antes, escreveu ao amigo Theodor Adorno um bilhete de despedida. Foi enterrado na pequena cidade de Portbou, na Espanha, onde morreu.
Com Benjamin, o baralho Super-Revolucionários ganha mais uma carta. Já foram publicados cards de Emma Goldman, Florestan Fernandes, Pagu, Hugo Chávez, Rosa Parks, Vladimir Lênin, Clara Zetkin, Ernesto Che Guevara, Antonio Gramsci, Fidel Castro, Liudmila Pavlichenko, Luís Carlos Prestes, Frida Kahlo, Alexandra Kollontai, Bela Kun, Nelson Mandela, Mao Zedong, Simone de Beauvoir, Stálin, Marina Ginestà, Ho Chi Minh, Leon Trotsky, Olga Benario, Karl Marx, Salvador Allende, Tina Modotti, Carlos Marighella, Rosa Luxemburgo e Franz Fanon.
Com texto e concepção de Haroldo Ceravolo Sereza e desenho do artista plástico Fernando Carvall, essas cartas, numa análise séria, mas sem perder o humor jamais, atribuem “notas” à atuação desses grandes nomes da luta por um mundo mais justo e solidário.
Assim que alcançaremos um número suficiente de cartas, vamos montar um jogo inspirado no conhecido Super Trunfo e publicar um livro com os cards e informações sobre esses heróis da resistência e da transformação.
As avaliações são provisórias e estão sujeitas a modificação.
REBELDIA: 7
Walter Benjamin era um intelectual com poucas ações práticas além da escrita. Mas seus escritores, influenciados em parte pelo misticismo judaico, pelo idealismo alemão e pelo marxismo influenciaram profundamente o pensamento crítico, constituindo uma das críticas mais importantes da ideologia e do processo de produção capitalistas.
DISCIPLINA: 7
Autor de uma obra extensa e abusada, Benjamin não conseguiu se inserir na vida universitária alemã. Apesar disso, construiu uma obra capaz de tratar das sensações e sentidos de temas tão diversos como o haxixe e a estética do barroco alemão, sem deixar se atentar para a produção literária e cinematográfica de sua época.
TEORIA: 10
As teorias sobre arte, socialismo, história e literatura de Benjamin inauguram toda uma nova corrente de pensamento sobre o mundo contemporâneo. Textos como A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (1936), Sobre o conceito de História (1940) e a inacabada Paris, Capital do século XIX e A tarefa do tradutor são referências incontornáveis aos estudantes da área de humanas em geral.
POLÍTICA: 6
Após a ascensão de Hitler e tendo início a perseguição a marxistas e judeus na Alemanha, Benjamin, com o apoio de Bertold Brecht, instalou-se em Paris. Ainda que distante dos partidos políticos, a atuação intelectual de Benjamin permitiu que sua obra, junto com a de outros autores da Escola de Frankfurt, especialmente Theodor Adorno e Max Horkheimer, deitassem profundas raízes no pensamento político progressista.
COMBATIVIDADE: 7
Benjamin não se envolveu em maiores lutas pelo socialismo, ainda que o marxismo fosse um dos alicerces de sua obra.
INFLUÊNCIA: 10
Os escritos de Benjamin influenciaram radicalmente a compreensão que temos do mundo e da nossa relação com a tecnologia. Seu resgate criativo e original do pensamento de Marx marcou a teoria de esquerda do mundo contemporâneo. Benjamin foi também um dos autores marxistas a criticar o conceito de “exploração da natureza” e sua relação nefasta com o modelo capitalista. Em Rua de mão única (1928), já denunciava que a ideia de dominar a natureza se aproximava do discurso imperialista. Propôs então um definição da técnica como o “domínio das relações entre natureza e humanidade”.