Alemanha: conservadores e social-democratas anunciam avanço na formação de coalizão
União Democrata Cristã (CDU) e Partido Social Democrata (SPD) concluem diálogos preliminares; Merz deseja concluir fase de negociações até Páscoa
Representantes da conservadora União Democrata Cristã (CDU) combinada com seu parceiro bávaro, a União Social Cristã (CSU), e o Partido Social Democrata (SPD) concluíram neste sábado (28/02) em Berlim as primeiras conversas exploratórias que podem resultar na formação de um governo de coalizão no país. Agora, essa primeira fase deve dar lugar a uma sequência de rodadas de negociações formais.
O anúncio foi feito pelos líderes dos três partidos: Friedrich Merz (CDU), Markus Söder (CSU), Lars Klingbeil e Saskia Esken (ambos do SPD), em uma coletiva de imprensa conjunta na capital alemã.
“Posso dizer que concluímos nossas discussões há cerca de uma hora”, disse Merz. Segundo ele, os potenciais parceiros elaboraram um documento preliminar conjunto que deve formar a base para as negociações de coalizão, que devem começar na próxima semana.
Segundo Merz, que é o principal cotado para ser o próximo chanceler federal da Alemanha, as conversas ocorreram em uma “atmosfera extremamente boa” e que os dois lados “chegaram a acordos em uma série de temas”.
Merz disse ainda que as conversas iniciais se concentraram essencialmente nos tópicos da migração, finanças, mercado de trabalho e economia. O líder da CDU anunciou que o programa conjunto entre os partidos pode vir a incluir planos para aumentar controles nas fronteiras alemãs e reduzir a imigração, metas de crescimento econômico potencial de “um, de preferência dois por cento” e que o primeiro reator de fusão nuclear do mundo possa ser construído na Alemanha.
Já o co-líder do SPD, Lars Klingbeil, descreveu o documento preliminar como um primeiro passo importante. Ele anunciou, por sua vez, planos para reduzir o preço da eletricidade para a indústria e insistiu que um salário mínimo de 15 euros por hora fosse incluído no documento.
Merz vem afirmando que gostaria de ver um novo governo sob sua liderança empossado até 20 de abril. Até que um novo governo seja formado, o atual chanceler federal Olaf Scholz (SPD) e sua coalizão com os Verdes continuarão interinamente no governo.

Markus Söder (CSU), Friedrich Merz (CDU) e Lars Klingbeil e Saskia Esken (ambos do SPD) neste sábado (08/03)
Eleições
A CDU/CSU liderou as eleições de 23 de fevereiro com 28,5% dos votos. Isso colocou o líder conservador Merz em posição de se tornar o próximo chanceler federal da Alemanha. O SPD, por sua vez, ficou em terceiro, obtendo apenas 16,4% dos votos, sofrendo uma derrota histórica.
Como nenhum partido político obteve uma maioria no Parlamento alemão (Bundestag), depois da eleição os partidos começaram negociações para a formação de uma coalizão para garantir mais da metade das 630 cadeiras na Casa.
Na Alemanha, os partidos políticos tradicionalmente evitam os governos de minoria, e desde o fim da Segunda Guerra Mundial raramente um partido teve, sozinho, maioria no parlamento – ou seja, negociações para formação de uma coalizão de governo são comuns.
Normalmente, há um consenso entre os partidos de que aquele que venceu a eleição seja também o que vai conduzir as negociações. Ou seja, essa tarefa no momento cabe à CDU/CSU. Antes mesmo do fim do pleito, o bloco conservador CDU/CSU descartou inteiramente a possibilidade de formar uma aliança com a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), que terminou a eleição em segundo lugar, com 20,8% dos votos. Dessa forma, restou para os conservadores negociarem com o terceiro colocado, os social-democratas do SPD.
