Ataques de Israel continuam em Gaza e miram centros de distribuição de ajuda
Nos últimos 12 dias, pelo menos 450 palestinos morreram e milhares ficaram feridos afirma Ministério da Saúde local
Enquanto a atenção internacional se volta para a escalada do confronto entre Israel e Irã, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, os ataques israelenses contra a população palestina continuam intensos na Faixa de Gaza.
Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde local contabilizou 39 mortes por conta de bombardeios e mais 317 pessoas feridas. Entre sexta-feira (20/06) e sábado (21/03), o número de mortes chegou a 200, em apenas 48 horas.
Os ataques também continuam ocorrendo nos centros de distribuição de alimentos geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF). A entidade apoiada por Israel e dirigida pelo conselheiro de Trump, o líder evangélico Johnnie Moore, começou suas operações no território em 27 de maio. Desde então, os deslocamentos até os pontos de entrega se transformaram em riscos de morte.
Nos últimos 12 dias, pelo menos 450 palestinos morreram e milhares ficaram feridos em ataques das forças israelenses contra aglomerações de civis que tentam desesperadamente obter alimentos, informou o Ministério da Saúde local.

Pelo menos 450 palestinos morreram em ataques nos centros de ajuda administrados por Israel e pelos EUA
Jaber Jehad Badwan/Wikipedia Commons
Críticas à agência GHF
Em comunicado, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) alertou sobre massacres deliberados contra civis, incluindo vítimas nos centros de distribuição de comida controlados por Israel.
“O exército de ocupação visa deliberadamente apenas civis indefesos, intensificando seus assassinatos diários como parte de uma política sangrenta calculada que visa perpetuar e agravar essa realidade brutal. O assassinato de crianças, mulheres e civis inocentes continua sendo um objetivo diário fixo para o exército de ocupação”, afirma a nota.
Jonathan Whittall, chefe da agência humanitária da ONU em Gaza e Cisjordânia (Ocha), denunciou a existência de um “padrão assustador de forças israelenses abrindo fogo contra multidões que se reúnem para obter alimentos”. Ele pediu à comunidade internacional que pressione por um cessar-fogo e pela responsabilização das ações israelenses em Gaza.
O que está acontecendo “parece ser o apagamento da vida palestina em Gaza”, afirmou. “A tentativa de sobreviver está sendo condenada à morte… Não deveria ser assim. Não deveria haver um número de mortes associado ao acesso aos bens essenciais à vida”, complementou.
A relatora especial da ONU sobre a Palestina, Francesca Albanese, também se manifestou no X. “Deixar o estado acusado de genocídio e fome encarregado de ‘distribuir ajuda’ é ridículo e obsceno: um insulto à decência humana”, afirmou no domingo.
Vale destacar que, no começo deste mês (02/06), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, já havia pedido uma investigação “imediata e independente” sobre o envolvimento da agência nos ataques contra civis.
Ao longo dos últimos 20 meses de ataques israelenses, 55.998 palestinos foram mortos e 131.559 ficaram feridos.
Com The Guardian e Al Jazeera.