Trump diz que segundo mandato é 'mais poderoso' ao completar 100 dias de governo
Sua aprovação, porém, é a pior desde o presidente Eisenhower, em 1953, com índice de apenas 41%
Aos 100 dias de governo, a popularidade de Donald Trump está em queda, seu índice de aprovação, em sondagem divulgada pela CNN no último domingo (27/04), é de apenas 41%, o pior índice desde o presidente Eisenhower, em 1953.
Apesar disso, o líder da extrema-direita, hoje no comando da maior potência militar e econômica do mundo, continua forjando a realidade ao seu favor. É o que evidencia sua entrevista aos jornalistas Ashley Parker, Michael Scherer e Jeffrey Goldberg do The Atlantic, publicada nesta terça-feira (29/04).
Uma entrevista, no mínimo inusitada, na medida em que Goldberg, incluído em uma reunião do alto escalão do governo Trump, por engano em março, recebeu críticas ferozes do republicano, após a imperdoável falha de segurança do seu governo.
Assim que foi marcado o encontro, Trump postou no X: “”Mais tarde hoje, me encontrarei, entre outras pessoas, com Jeffrey Goldberg, o editor da The Atlantic, e a pessoa responsável por muitas histórias fictícias sobre mim”.
O episódio assustou o Pentágono e escandalizou o democratas, afinal, o jornalista recebeu documentos confidenciais do bombardeiro norte-americano contra os houthis no Iêmen, horas antes do ataque.
Apoio dos super-ricos
Sobre os 100 dias de governo, Trump afirmou que “está muito mais tranquilo do que da última vez”, referindo-se ao seu primeiro mandato, que terminou com apenas 34% de aprovação.
“Se você olhar para a posse, na primeira vez, não tinha nenhuma das pessoas que você viu na segunda ou na terceira fileira [da posse]”, afirmou, ao se referir aos super-ricos que compareceram em massa na sua posse em 20 de janeiro.
Sobre eles, Scherer questionou se havia alguma reclamação quanto à queda dos mercados de ações em resposta ao tarifaço, anunciado em 4 de abril.
“Não, ninguém ligou. A maioria das pessoas me diz ‘você está fazendo a coisa certa. Não era sustentável o que estava acontecendo com o nosso país. Estávamos deixando outros países nos destruírem’, frisou.
Entretanto, não é o que dizem as pesquisas de opinião. Segundo outra sondagem, da Pew Research Center, publicada na semana passada (23/04), 59% desaprovam o tarifaço ante 39% que o aprovam.
Mas Trump sustenta que está “prestando um grande serviço ao país”.

White House / Abe McNatt
Forma de governar
Em relação aos cortes de funcionários nos departamentos e agências federais, a Pew Research revela uma desaprovação de 55%.
O uso indiscriminado de ordens executivas também é alvo de críticas: 51% dos adultos americanos dizem que ele está definindo políticas demais por meio desses decretos. E apenas 27% afirmam que a quantidade está certa (27%).
Para Trump, porém, seu poder é inconteste. ‘Esta é uma presidência muito mais poderosa do que a que tive na primeira vez, mas conquistei muito na primeira vez’.
‘Na primeira vez, eu estava lutando pela sobrevivência e para governar o país. Desta vez, estou lutando para ajudar o mundo e o país. Sabe, é uma presidência muito diferente’, afirmou aos jornalistas no Salão Oval.
Segundo a CNN, menos da metade dos norte-americanos, 43%, acredita que a reestruturação do Estado é necessária, a maioria, 57%, afirma que Trump está colocando o país em risco.
Festival de abobrinhas
Durante a entrevista, Trump voltou a afirmar absurdos como a defesa da anexação do Canadá, que nesta sexta-feira, elegeu Mark Carney como primeiro-ministro. “Não precisamos de nada que eles tenham. Eu digo que daria um ótimo 51º estado”, disse.
Ele também sustentou ter vencido as eleições de 2020. ‘Eu sei que a eleição foi fraudada. Biden não obteve 80 milhões de votos’, afirmou.
E manifestou simpatia em concorrer eleitoralmente em 2028, o que é proibido pela legislação.
‘As pessoas gritam o tempo todo, não importa aonde eu vá, 2028! Elas estão felizes. As pessoas estão muito felizes com esta presidência. Eu tive ótimas pesquisas, além da Fox’, disse.
Mas frente à ilegalidade da medida, ele recuou: ‘não é algo que eu esteja procurando fazer e acho que seria muito difícil. Mas já me gritam: não, não, você tem que concorrer’.
A sondagem da CNN, no entanto, revela outra realidade.
Somente 22% dos americanos afirmam “apoiar fortemente” a condução de Trump na presidência dos Estados Unidos, enquanto 45%, mais que o dobro, “desaprovam fortemente”.
Economia
A sondagem da CNN revela que, em relação à economia, a confiança que batia 65% em dezembro caiu para 52%.
Ao ser questionado sobre as ameaças de recessão em relação às tarifas e a possibilidade de mudar de rota, Trump minimizou.
‘Já tenho tarifas sobre carros, como vocês sabem, de 25%; tarifas sobre aço de 25%; tarifas sobre alumínio de 25%. Tenho uma tarifa base de 10% para todos, para todos os países, e isso será alterado’, destacou.
‘Tenho muitas negociações em andamento, mas não preciso. Faço isso porque quero ver como eles estão se sentindo. Sou como alguém que tem uma loja muito valiosa e todos querem comprar nela. Eu tenho que proteger essa loja. E eu defino os preços’, salientou.
Questionado sobre as deportações em massa, Trump reiterou que ‘essas pessoas estão ilegalmente no país, todas elas’.
‘São pessoas rudes, duronas’, afirmou, citando casos assustadores como o de imigrantes que empurram pessoas no metrô antes do trem chegar, entre outros.
Em relação aos estadunidenses criminosos, disse que ‘se for legal’, ele não teria problema ‘em transferi-los para fora do país e para uma prisão estrangeira, o que custaria muito menos dinheiro’.
Anistia Internacional
A entrevista de Trump aconteceu na véspera da divulgação pela Anistia Internacional de um relatório afirmando que seu segundo mandato é marcado por “uma onda de ataques frontais a obrigação do país de prestar contas em matéria de direitos internacionais, contra o direito internacional e contra a ONU”.
‘O novo governo americano congelou a ajuda internacional do país, reduziu o financiamento de organizações da ONU e realizou expulsões criticadas de presos para países da América Latina’, acusa o documento.
A organização também denunciou que “ofensivas irresponsáveis e punitivas” aconteçam há anos, ressaltando que o retorno de Trump “só acelera” esse processo.
