Em uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira (18/09) o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, apresentou aos jornalistas presentes a carta original assinada pelo ex-candidato presidencial da extrema direita, Edmundo González, na qual ele afirma acatar a resolução do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) pela qual foi ratificada a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
A carta de González Urrutia foi vazada por alguns meios de comunicação do país, como o canal TeleSur, horas antes da coletiva, e mostrou uma mensagem na qual o líder opositor afirma que “mesmo não concordando com ela (a decisão do TSJ), vou aceitá-la, por se tratar de uma resolução do máximo tribunal da República”.
Durante a coletiva, Rodríguez relatou que “a carta foi apresentada mediante um convite do próprio Edmundo para que eu e a vice-presidente Delcy Rodríguez o visitássemos na Embaixada da Espanha, onde ele esteve escondido até o dia 7 de setembro”.
“Lá, ele propôs essa declaração pública. A conversa foi testemunhada pelo embaixador espanhol em Caracas, como vocês podem ver nas fotos, e eu pedi a ele que, além das assinaturas, nós colocássemos meias firmas em cada página, para atestar a veracidade do documento”, explicou o presidente do Legislativo venezuelano, enquanto mostrava aos jornalistas as mencionadas páginas do documento original e algumas fotos do encontro.
Após a derrota eleitoral contra Nicolás Maduro, González Urrutia, representante da coalizão de extrema direita Plataforma Unitária, passou a sustentar o discurso de que houve uma fraude eleitoral e que ele teria provas que comprovariam sua suposta vitória no pleito. Em meados de agosto, ele chegou a se autoproclamar presidente eleito do país.
A insistência em questionar os resultados eleitorais fez com que o Ministério Público venezuelano o convocasse, para que ele apresentasse as provas da suposta fraude eleitoral que alegava. A partir de então, González Urrutia passou a ignorar as convocações dos procuradores, razão pela qual o TSJ deu a ele um prazo para que cumprir essa determinação. Terminado esse prazo, foi decretado o seu mandado de prisão, após o qual ele buscou refúgio na Embaixada da Espanha.
O presidente da Assembleia Nacional venezuelana contou que, após a assinatura da carta, a vice-presidente Delcy Rodríguez outorgou a González Urrutia um salvo conduto para deixar o país, com o qual poderia receber o asilo político oferecido pelo governo da Espanha. O opositor viajou a Madri naquele mesmo dia 7 de setembro e se encontra na capital do país ibérico até hoje.
Suposta coação e promessa de revelar áudios
Porém, pouco antes da coletiva, quando o conteúdo da carta já havia vazado aos meios de comunicação, González Urrutia publicou uma mensagem em suas redes sociais alegando que o documento teria sido assinado mediante coação do governo de Maduro.
A versão do líder opositor foi direcionada a Jorge Rodríguez, durante a coletiva, por uma das jornalistas presentes no evento. O líder do Legislativo reforçou seu relato de que o encontro havia sido solicitado pelo próprio González Urrutia, voltou a mostrar as fotos da reunião e assegurou que também existem áudios da conversa entre eles, que comprovariam que não houve qualquer tipo de intimidação ao ex-candidato extremista.
“Quero aproveitar de mandar um recado para o senhor Edmundo González Urrutia: eu espero que você retifique essa mentira de que houve coação, porque se isso não acontecer em até 24 horas, eu terei que mostrar os áudios que nós temos daquela reunião, e você terá que lidar com a vergonha de ser desmentido mais uma vez”, prometeu Rodríguez.
Vitória de Maduro
Na carta divulgada nesta quarta-feira, o opositor diz acatar a resolução do TSJ, que ratifica o parecer que resultou da auditoria realizada a todas as urnas eletrônicas usadas no processo eleitoral venezuelano, e que afirmou não haver nenhuma irregularidade na apuração feita pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE).
Com isso, foi convalidado o resultado final daquela apuração, que mostrou Maduro com 51,95% dos votos válidos, percentual que o tornou presidente reeleito do país. González Urrutia ficou em segundo lugar, com 43,18%.
“Sempre estive e seguirei estando disposto a reconhecer e acatar as decisões adotadas pelos órgãos de Justiça, no marco da Constituição, incluindo a já citada sentença do TSJ”, diz González Urrutia na missiva que conta com sua assinatura.
Veja nas imagens abaixo trechos da carta assinada por Edmundo González Urrutia:
Com informações de TeleSur.