Em diálogos divulgados pelo BuzzFeed News, em parceria com o The Intercept Brasil, nesta segunda-feira (12/08), o ex-juiz federal Sérgio Moro aparece orientando o procurador Deltan Dallagnol a não solicitar a apreensão do aparelho celular do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) um dia antes da prisão do ex-parlamentar.
“Queríamos falar sobre apreensão dos celulares. Consideramos importante. Teríamos que pedir hoje”, escreveu Dallagnol. Moro respondeu que “não é uma boa” e, três horas depois o procurador respondeu dizendo que o Ministério Público havia mudado de ideia. “Conversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações”, escreveu o coordenador da Lava Jato.
Conforme indicam as mensagens, os dois tiveram uma reunião curta de cerca de 10 minutos para tratar sobre o assunto. As ponderações de Moro foram levadas a outros procuradores que prontamente acataram a ordem do então juiz. Como destaca o BuzzFeed News, o pedido “destoa do padrão da Lava Jato”. “Saíram dos celulares de executivos de empreiteiras, por exemplo, muitas anotações e mensagens que embasaram investigações”, aponta a reportagem.
Mensagens relevadas anteriormente mostram que Sérgio Moro também barrou a tentativa do Ministério Público de negociar uma delação premiada de Eduardo Cunha, que até hoje não aconteceu. Em mensagem enviada a Dallagnol em julho de 2017, ele questionou Dallagnol sobre rumores de delação e disse esperar que o MPF não procedesse com acordo. “Agradeço se me manter informado. Sou contra, como sabe”, afirmou.
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Em mensagens, ex-juiz aparece orientando procurador Deltan Dallagnol a não solicitar a apreensão do aparelho celular do ex-deputado federal
Deltan protegeu Onyx
Mais cedo, o Intercept Brasil havia revelado novos trechos de mensagens da Vaza Jato no começo da tarde desta segunda-feira que revelam que o procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, já sabia que o então deputado Onyx Lorenzoni, atual chefe da Casa Civil de Bolsonaro, estava envolvido em esquemas de corrupção, mas fechou os olhos para levar a cabo a sua cruzada no suposto “combate à corrupção”.
Em conversa num grupo de procuradores, Deltan é indagado por Fábio Oliveira: “Vc viu que saiu o nome do Onyx na lista do Fachin hj?”. Ele se refere à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que em 4 de dezembro, atendeu pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de uma petição autônoma específica para analisar as acusações de caixa dois feitas por delatores da JBS ao na época futuro ministro da Casa Civil.
*Com Fórum e Brasil 247