Um dos programas mais importantes da Revolução Cubana, as Brigadas de Alfabetização Conrado Benítez, foram criadas em 1961 compostas por jovens engajados na luta contra o analfabetismo.
Junto deles, um garoto de 14 anos partiu para os rincões afastados do país para ensinar camponeses pobres e esquecidos pela ditadura de Batista a ler e escrever.
Esse garoto era Silvio Rodríguez, cantor e compositor que se tornaria um dos mais famosos expoentes da Nova Trova Cubana nos anos 1960.
Silvio afirma que a participação nas brigadas foi sua "primeira tarefa" revolucionária.
Os jovens, como eu, tínhamos a imagem de Sierra Maestra muito fresca na memória. Todos queríamos imitar, não libertando o país com luta armada, mas libertando nosso país do analfabetismo
O governo pedia que jovens secundaristas se voluntariassem nas brigadas para, então, irem a zonas afastadas com alta incidência de analfabetismo.
Rodríguez foi direcionado à zona montanhosa de Escambray, a cerca de 300 km de Havana, em uma fazenda próximo à praia Rancho Luna.
Seus primeiros alunos foram operários e camponeses que estavam mobilizados em Cienfuegos para combater focos contrarrevolucionários, principalmente após a invasão de Playa Girón.
"Ali, tempo depois, contrarrevolucionários mataram um alfabetizador que tinha um ou dois anos a mais do que eu", relembra o cantor.
Depois do tempo entre combatentes, Silvio foi morar com uma família de camponeses na mesma região e ali diz que viu"o que era a verdadeira pobreza da Cuba do passado".
Lembro de algo que me emocionou muito, durante uma conversa com essa família, me dei conta que não sabiam que a Terra era redonda. Como ensiná-los a ler se nem tinham noção do lugar onde viviam?
Essa história pode ser vista em detalhes no filme "Silvio Rodríguez: Mi Primera Tarea", dirigido por Catherine Murphy.
Desenvolvimento: Fernanda Forgerini
Texto original: Lucas Estanislau
Fotos: Wikimedia Commons/ The Literacy Project/ Picryl/ Flickr/ Divulgação