O conflito na Síria, os recentes protestos no mundo muçulmano, a morte do embaixador norte-americano na Líbia e o possível ataque militar israelense contra instalações nucleares iranianas estão entre os temas que devem ser discutidos nos próximos dias em Nova York na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Em um momento conturbado e repleto de crises políticas, mais de 120 chefes de estado se reúnem para participar da 67ª sessão, que terá início nesta terça-feira (25/09) com o discurso da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e se estenderá até o dia 1 de outubro.
Ao contrário do evento do ano passado, quando a Primavera Árabe e a entrada da Palestina como estado-membro da ONU foram discutidas, as expectativas para o encontro deste ano são pessimistas. Até o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o encontro será um dos mais importantes por refletir “o contexto mundial desordenado”.
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Enquanto que os países asiáticos disputam territórios nos oceanos da região, os governos do mundo árabe e muçulmano e as potências do Conselho de Segurança se dividem quanto à situação na Síria e os latino-americanos ainda estão imersos em discussões sobre o golpe no Paraguai. Além disso, os Estados Unidos estão em plena corrida pela presidência e Israel aumentou suas ameaças contra o Irã.
As discussões devem se tornar ainda mais acirradas por conta dos protestos contra o filme norte-americano A Inocência dos Muçulmanos que tomou conta das ruas de mais de 30 países nas últimas semanas e revelou um contexto de instabilidade com a transição política de diversos países depois da Primavera Árabe.
Os EUA terem negado o visto a 20 funcionários do governo iraniano que acompanhavam o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, na missão diplomática também é outro fato que deve apimentar as declarações durante as sessões. É a primeira vez que os EUA negam vistos a membros de delegações oficiais iranianas para reuniões da ONU
O governo norta-americano deve aproveitar a situação para averiguar quais dos novos governos árabes permanecem como seus aliados na política internacional e da região. A maior interrogação pesa sobre o Egito, onde Mohammed Mursi da Irmandade Muçulmana se elegeu e deu sinais controversos quanto a sua relação com os EUA e Israel.
No entanto, os possíveis acordos e rupturas bem como os rumos da política internacional serão esboçados não só nas sessões abertas ao público, mas em encontros privados entre representantes. Por abranger todos os estados-membros da ONU, o encontro apresenta uma grande oportunidade para os políticos promoverem suas pautas políticas com outros governos e com a opinião pública nacional.
Este é o caso do presidente do Paraguai, Federico Franco, que quer conquistar o apoio de governos em sua campanha contra a suspensão do país do Mercosul. O mandatário golpista, que assumiu o cargo em junho deste ano, já anunciou uma agenda intensa de atividades. A 67ª sessão da Assembleia Geral da ONU tem como tema “ajuste ou solução de disputas ou situações internacionais por meios pacíficos”, mas as ameaças e acordos que ocorrem por trás dos holofotes podem não seguir este padrão.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também pretende utilizar o espaço para destacar o empenho de seu governo em buscar um acordo de paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Segundo a Agência Brasil, Santos quer ressaltar também a atuação no combate às drogas, bem como a manutenção do apoio financeiro ao Haiti, depois do terremoto de janeiro de 2010 que matou mais de 220 mil pessoas no país.
Abertura brasileira
Todas as sessões da Assembleia Geral foram abertas com discursos de representantes do governo brasileiro e este ano não será diferente. Já em Nova York, a presidente do Brasil prepara os últimos detalhes de seu pronunciamento que deve abordar temas diversos do contexto internacional.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, Rousseff fará um discurso pela defesa do multilateralismo e de soluções pacíficas para conflitos. Além disso, a presente vai destacar os avanços obtidos na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, que ocorreu no Rio de Janeiro em junho deste ano.