A situação continua tensa na Nova Caledônia, território francês no sul do Pacífico e palco de revolta. A missão para “restaurar a ordem” definida pelo presidente Emmanuel Macron se torna cada vez mais difícil e turistas franceses começaram a ser evacuados neste sábado (25/05). Os primeiros voos em aeronaves militares decolaram do aeródromo de Magenta, na capital Nouméa, em direção à Austrália e à Nova Zelândia, de onde eles embarcarão em voos comerciais para a França.
O aeroporto internacional da Nova Caledônia está fechado há dez dias. De malas nas mãos e guiada por soldados, Audrey era uma das primeiras turistas francesas a poder sair do território pelo aeródromo de Magenta, normalmente reservado aos serviços locais. “Recebi um SMS um dia antes da partida pedindo para estar pronta para embarcar neste sábado”, disse ela aliviada.
A maioria dos passageiros passava férias com a família ou amigos na Nova Caledônia. Eles embarcaram nos aviões C130 das Forças Armadas australianas e neozelandesas, numa operação de repatriação que é fruto de cooperação regional.
É impossível dizer quantas pessoas aguardam para deixar a Nova Caledônia. Mais de 500 pessoas já foram evacuadas, principalmente pelos governos australiano e neozelandês. Os voos comerciais continuam suspensos e o aeroporto internacional de Nouméa só reabrirá na quarta-feira (28/05), devido à insegurança.
O número de mortos devido no arquipélago subiu para sete.
Os opositores à reforma eleitoral que causou a agitação de 13 de maio continuam determinados a obter a retirada definitiva do texto.
O líder da Unidade de Coordenação de Ações no Campo (CCAT), que se encontrou quinta-feira (23/05) com o presidente francês durante visita a Nouméa, apelou aos seus ativistas para “afrouxarem os controles”. Ele pede para que os manifestantes aliviem os atuais bloqueios, para permitir o fornecimento de medicamentos e de combustível.
A Frente Kanak e Socialista de Libertação Nacional (FLNKS), que reúne quase todos os movimentos independentistas, confirmou que a mobilização deve continuar para que a reforma constitucional seja retirada.
O texto em questão prevê a ampliação do corpo eleitoral para as eleições provinciais na Nova Caledônia, atualmente reservado aos nativos e residentes que chegaram antes de 1998, bem como aos seus descendentes. Os separatistas temem que esta reforma reduza o seu peso eleitoral. O povo indígena representa mais de 41% da população local.
Na quinta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron prometeu que a reforma “não passará pela força”.
Morte durante a noite
Enquanto se aguardava o retorno à calma, novas operações policiais foram organizadas durante a noite em vários bairros ainda dominados pelos manifestantes. “A neutralização e limpeza dos bloqueios são realizadas sob a segurança das forças policiais”, descreveu o Alto Comissariado da República na Nova Caledônia, em um comunicado de imprensa.
Na sexta-feira, o promotor de Nouméa, Yves Dupas, anunciou que um homem de 48 anos foi morto por um policial, elevando para sete o número de pessoas mortas desde o início dos distúrbios.
O estado de emergência instituído em 16 de maio continua em vigor no arquipélago, onde os moradores enfrentam toque de recolher noturno, a proibição de ajuntamentos, proibição de transporte de armas e de venda de álcool.