Ao analisar a crise diplomática gerada por uma nota do Itamaraty sobre o processo eleitoral na Venezuela, em 26 de março, o jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman, avaliou que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil “no mínimo, agiu de forma precipitada e desinformada”.
Para Altman, o posicionamento do Itamaraty ainda levou o presidente Lula ao erro, referindo-se ao encontro do presidente com seu homólogo Emmanuel Macron, na última quarta-feira (28/03), quando reiterou o posicionamento da chancelaria brasileira.
A nota divulgada pela pasta expressou “preocupação” com as eleições venezuelanas que serão realizadas no dia 28 de julho, e que foram marcadas até agora pela inelegibilidade de Maria Corina Machado, ex-deputada condenada pela Justiça e inabilitada para concorrer a cargos públicos.
“Como pode haver ‘preocupação’ com um processo eleitoral no qual doze candidatos oposicionistas se inscreveram, e para o qual estão convidados observadores internacionais da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), da Comunidade do Caribe (Caricom), da União Africana, da União Europeia, além de especialistas da ONU, do BRICS e do Centro Carter, dos Estados Unidos?”, questionou o jornalista durante o programa 20 MINUTOS ANÁLISE, transmitido pelo canal de Opera Mundi no YouTube nesta terça-feira (02/04).
Na avaliação do jornalista, o Itamaraty e o governo brasileiro deveriam se preocupar com “o truque de marketing” do movimento Vente Venezuela, que tentou emplacar Machado como presidenciável e agora substituiu sua candidatura por uma filósofa de 79 anos até então desconhecida, chamada Corina Yóris.
Altman alerta ainda para as ações do Vente Venezuela, que por não ser um partido registrado – apenas um movimento, como o Movimento Brasil Livre (MBL) no Brasil – não pôde inscrever candidaturas. Para que consiga um registro eleitoral, é necessário que o partido exista em pelo menos doze das províncias e tenha a adesão de 5% do eleitorado.
No entanto, o jornalista avalia que o Vente Venezuela “nunca quis percorrer esse caminho, porque sua estratégia não passava pelas urnas, mas pelo caminho de levantes armados e golpes de Estado”.