A Rússia comemorou hoje (9/5) o 65º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista com o tradicional desfile militar na Praça Vermelha. Soldados estrangeiros participaram pela primeira vez da cerimônia, incluindo tropas de quatro países da OTAN – Reino Unido, França, Polônia e Estados Unidos.
O desfile de hoje foi a maior demonstração do poder militar russo desde o fim da União Soviética. No discurso oficial, o presidente Dmitri Medvedev destacou a presença dos países Aliados e dos Estados membros da CEI (Comunidade dos Estados Independentes). Num discurso marcado pela ideia de unidade, Medvedev afirmou que “as lições da Segunda Guerra devem nos ensinar urgentemente o significado da palavra solidariedade”. O presidente russo disse ainda que “é nossa responsabilidade lembrar que as guerras não começam da noite para o dia e que só poderemos evitar novos conflitos e tragédias se trabalharmos juntos”.
Mikhail Klimentyev/Efe
A chanceler alemã, Angela Merkel, deposita flores na tumba do Soldado Desconhecido, acompanhanda por Medvedev
O desfile começou com o hino russo, dando passo aos tanques T-34 e à artilharia autopropulsada Su-100 dos tempos da II GM. Circularam também pela Praça Vermelha foguetes tático-operativos Iskander-M, sistemas de defesa aérea com mísseis S-300, S-400 e Pantsir-S1 e plataformas móveis com mísses balísticos intercontinentais Topol-M, a arma mais temível do arsenal russo.
Em seguida, mais de uma centena de caças, bombardeiros, aviões e helicópteros militares cruzaram o céu de Moscou divididos em 20 grupos a uma altura de 300 metros e a uma velocidade de até 550 km/h. No fim da apresentação, aviões de assalto Su-25 e caças MiG-29 desenharam no céu da capital o número 65 e outros seis Su-25, as cores branco, azul e vermelho da bandeira russa. As orquestras militares dos EUA, França, Reino Unido e Rússia fecharam a cerimônia, interpretando a Ode à Alegria, quarto movimento da Nona Sinfonia de Beethoven e hino oficial da União Europeia.
Entre os líderes estrangeiros presentes se encontravam a chanceler alemã, Ângela Merkel, o presidente israelense, Shimon Peres e o dirigente chinês, Hu Jintao. O presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi cancelaram a visita devido à crise do euro. Ambas ausências foram amplamente comentadas pela mídia russa. O presidente norte-americano, Barack Obama, também não pode comparecer.
Sergei Chirikov/Efe
Soldados britânicos desfilam na Praça Vermelha, em Moscou
Depois do desfile, o presidente russo e seus convidados caminharam até os Jardins Alexandrovski e fizeram um minuto de silêncio em frente à tumba do Soldado Desconhecido.
Nas ruas de Moscou, o clima foi de festa durante toda a manhã. Milhares de pessoas madrugaram para acompanhar de perto os mais de 11 mil militares destacados para a comemoração. Com bandeiras e fitas de São Jorge (nas cores preto e laranja), o feriado secular mais importante e emocionante do país foi celebrado com a devida pompa e formalidade. Alto-falantes tocavam a conhecida música “Den' Pobedy”, “Dia da Vitória”, que exalta os logros russos na Segunda Guerra Mundial.
Críticas
O Partido Comunista Russo, principal força de oposição, se manifestou contrário à presença da OTAN na Praça Vermelha, cantando “Glória ao grande Stalin” depois do desfile. As críticas não vieram somente do Partido Comunista. ONGs criticaram os gastos com a cerimônia, que chegaram ao estratosférico valor de 160 milhões de rublos (quase 10 milhões de reais) somente para a decoração da cidade.
A organização do evento também foi criticada pela população. “Estou triste porque vim de Samara (a quase 900 quilômetros de Moscou) somente para esta celebração e acabei não conseguindo ver nada”, reclamava Elena Karaseva, de 73 anos. Todo o centro de Moscou foi fechado a partir das oito da manhã e muitos desavisados só conseguiram ver o desfile de longe. “Não colocaram nem telões na cidade para que a população acompanhasse. Uma total falta de respeito”, completou Karaseva.
Uma grande queima de fogos encerra as celebrações do Dia da Vitória a partir das 21h, horário de Moscou.
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