O presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, pediu nesta terça-feira (07/06) à população que mantenha a calma após os resultados das eleições do domingo passado, em um dia no qual a Bolsa de Valores de Lima se recuperou da queda de 12,45% registrada na segunda-feira.
Humala afirmou aos jornalistas que está fazendo “o melhor” para o Peru e que continuará trabalhando para concretizar esse objetivo, mas não quis revelar nem nomes, nem projetos para um futuro imediato.
Após a queda sofrida pela bolsa nesta segunda-feira, os dirigentes das associações empresariais exigiram que Humala “tranquilize o mercado” anunciando o nome do seu primeiro-ministro e do ministro da Economia. A coligação Ganha Peru informou que esses nomes serão divulgados nos próximos dias.
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No entanto, a Bolsa de Valores de Lima se recuperou nesta terça-feira e na metade da sessão já registrava uma alta de 6,77%.
Analistas da bolsa declararam à Agência Efe que o mercado registrou um “rebote técnico”, provocado por compras de ações com preços baixos. Além disso, os investidores se tranquilizaram após a declaração de algumas agências qualificadoras de que manterão a perspectiva positiva da economia peruana.
Diante desta situação, o ex-presidente Alejandro Toledo fez um apelo nesta terça-feira para que se deixe Humala trabalhar “tranquilo” na formação de sua próxima equipe de governo. “Deixem que o presidente eleito trabalhe tranquilo pelo país. Sem pressões nem tensões”, escreveu Toledo em seu perfil no Twitter.
O ex-governante, que apoiou Humala no segundo turno, indicou que os sinais de confiança que os empresários pedem a Humala não devem ser “apenas exigidos, mas também dados”.
Uma posição similar foi manifestada a Humala pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que telefonou para o candidato eleito para cumprimentá-lo e afirmou que a desconfiança empresarial acabará se dissipando.
Segundo fontes do Ganha Peru, durante uma conversa telefônica, Lula manifestou a Humala sua convicção de que a desconfiança dos empresários e investidores das bolsas de valores irá passar, da mesma forma que ocorreu no Brasil após sua eleição como presidente.
Com mais de 95% das urnas apuradas, os números oficiais apontam que Humala ganhou em 19 das 25 regiões do Peru.
Nesse sentido, sua proposta de criar um Estado mais forte, que priorize o desenvolvimento de políticas sociais, mas mantendo um modelo de livre mercado, obteve bons resultados, sobretudo no interior esquecido do país, que, ao contrário de Lima, sentiu muito pouco o grande desenvolvimento econômico peruano da última década.
Entre os casos mais notáveis estão Puno, onde Humala registrou 77,99% (contra 22,09% de Keiko Fujimori); Tacna, com 73,42%; Arequipa, com 65,91%, e Cuzco, com 77,33%, todas no sul do país.
Estas regiões têm, por tradição, uma tendência nacionalista e inclinada para a esquerda, além de contarem com grandes setores sociais empobrecidos, aos quais não chegou o desenvolvimento registrado nos principais núcleos urbanos e onde são frequentes os protestos sociais.
Keiko, por sua vez, conseguiu vencer em quatro regiões do norte do país, como Tumbes, com 54,17% dos votos, e Piura, com 52,33%, assim como em Lambayeque e La Libertad, que foram beneficiadas pela aplicação do modelo econômico durante a gestão do presidente Alan García.
No entanto, a grande fonte de votos da candidata adversária foi a região de Lima e de sua vizinha, Callao, que representam mais de um quarto do eleitorado nacional e onde Keiko obteve votações próximas a 57%.
Os analistas afirmaram existir uma cisão entre Lima e o resto do país – com exceção do extremo norte –, ressaltando que os frutos do crescimento econômico foram percebidos pela população urbana e litorânea, mas não pelo interior rural e todas as regiões do centro-sul e da Amazônia peruana.
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