O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou nesta segunda-feira (25/10) que seu governo vive “desde o primeiro dia” sob “uma conspiração permanente, como todos os governos de mudança da América Latina”.
“Desde o primeiro dia de meu governo vivemos uma conspiração permanente, como todos os governos de mudança na América Latina”, declarou o líder equatoriano, recordando ações similares ocorridas na Venezuela [em 2002], na Bolívia [em 2008] e em Honduras [2009].
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Em entrevista ao jornal mexicano La Jornada, concedida em Quito, Correa também voltou a denunciar ter sido vítima de uma tentativa de golpe de Estado, ao falar sobre os atos do último dia 30 de setembro, quando seu país foi cenário de uma rebelião policial.
O presidente equatoriano, que chegou a permanecer 12 horas em poder dos agentes, confessou ter se sentido “muito próximo” da morte em três ou quatro ocasiões, além de sensações de indignação e tristeza, mais fortes do que o medo.
Na conversa com a publicação do México, ele também reiterou que as estruturas de inteligência de seu governo sofreram infiltrações por parte dos EUA, algo que o obrigou a reorganizar todo o setor, mantendo sua acusação de que houve uma traição, especialmente nos serviços policiais.
“Tivemos que buscar quadros alternativos, algo que não é formado da noite para o dia. Há pouco, em 2009, conseguimos aprovar a lei do sistema nacional de inteligência”, justificou.
Sobre o papel das Forças Armadas, Correa as elogiou, declarando que as autoridades “se portaram profissionalmente” frente à confusa situação, ocasionada pela retenção do presidente no hospital policial de Quito, para onde foi levado após ser agredido por rebeldes.
Porém, ele sustentou que dentro das forças equatorianas “há duros grupos com vinculações políticas que não se importam, nem com a Força Aérea e nem com a democracia, mas sim em manter seus privilégios e suas condutas repressivas”.
O equatoriano também disse que, após a sublevação, foi procurado por duas vezes pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que afirmou não ter nada a ver com o ocorrido.
Obama “é uma boa pessoa, mas não pode mudar a inércia de grande parte da máquina política” dos Estados Unidos, opinou. Por outro lado, não descartou que por trás do plano para derrubá-lo estivessem, inclusive, “setores que atuam inclusive contra o presidente” norte-americano.
Sobre a punição aos supostos responsáveis, ele considerou que o Equador “não pode falhar frente às balas assassinas. Seria trair os que morreram naquele dia, a cidadania heróica que saiu desarmada para defender a democracia”.
Nesse sentido, declarou que seria impossível uma reconciliação com os subversivos. “Isso seria permitir a impunidade. Vamos continuar. Ainda mais, realizaremos a revolução”, concluiu.
Segundo dados locais, pelo menos oito pessoas morreram no último dia do mês passado. Após ser retirado do centro hospitalar por um comando leal, Correa denunciou ter sido alvo de uma tentativa de golpe e denunciou setores da oposição, ligados ao ex-presidente Lucio Gutiérrez (2003-2005).
Por sua vez, os efetivos envolvidos no protesto declararam que a mobilização tinha o objetivo de reivindicar a não aplicação de uma lei, parte da reforma trabalhista impulsionada no país, que retiraria seus benefícios salariais.
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