Em resposta a Henrique Capriles, candidato derrotado na eleição presidencial na Venezuela e que exige recontagem de 100% dos votos, o presidente eleito Nicolás Maduro afirmou nesta quarta-feira (17/04) que aceitará qualquer decisão do órgão eleitoral sobre o pedido, apresentado hoje pela aliança opositora. “O que o CNE [Conselho Nacional Eleitoral] decida, em torno da solicitação, nós apoiaremos”, disse.
Após o CNE anunciar domingo (14/04) que Maduro havia vencido a disputa, Capriles se negou a reconhecer a derrota, insinuando que havia acontecido uma fraude e se declarando o ganhador da eleição. Na segunda-feira (15/04), enquanto Maduro era proclamado presidente pelo órgão eleitoral em cerimônia em Caracas, uma série de manifestações que culminaram em atos de violência se multiplicou pela Venezuela. Poucas horas antes, o candidato da oposição havia falando em coletiva de imprensa que, caso o evento acontecesse, seus seguidores deveriam demonstrar seu repúdio com um “panelaço”, para descarregar sua “indignação”.
Agência Efe
Nicolás Maduro, em entrevista no Palácio Miraflores, sede presidencial da Venezuela
No entanto, apesar de parte dos simpatizantes ter escolhido a via de protesto pacífica, outros protagonizaram cenas de destruição e terror, deixando um saldo de oito mortos e mais de 70 feridos, todos provocados por opositores, de acordo com o governo. A vítima mais recente foi Rosiris Reyes, de 40 anos, baleada na segunda-feira no município de Baruta, Estado de Miranda, enquanto defendia um CDI (Centro Integral de Saúde) e que faleceu nesta quarta. Médicos cubanos que trabalham no lugar seriam os alvos dos agressores.
Os agentes de saúde da ilha caribenha foram acusados no começo da semana pelo jornalista opositor Nelson Bocaranda, por meio de sua conta no Twitter, de reterem votos da eleição de domingo dentro de um dos CDIs do país, o que poderia ter desatado uma espécie de “caça”. Posteriormente aos acontecimentos, Bocaranda apagou a mensagem que havia postado na rede social.
Durante a transmissão feita nesta quarta, Maduro condenou os crimes. “Solidariedade aos familiares das pessoas que caíram para a intolerância do fascismo. Impressiona o desprezo, o ódio e o fascismo que plantaram esses setores da burguesia”, lamentou. Ele prometeu assistência total às famílias dos mortos. “A partir de agora, somos seus irmãos e pais, para protegê-los para sempre”, disse.
“Por trás de tudo estava um plano de golpe. Se tivessem boas intenções, bastavam ter consignado a solicitação” de recontagem junto ao CNE, disse Maduro, em referência à oposição. Ele contou que no domingo foi feita a auditoria integral de 54% das mesas de votação, conforme dita o regimento do órgão, e que o resultado não apresentou problemas. “Em nenhum país do mundo se faz auditoria”, sublinhou.
Próximos passos
Após reunião com 20 governadores chavistas, Maduro anunciou que a partir de segunda-feira (22/04) irá iniciar um “governo na rua”, com a intenção de promover ajustes à administração chavista. “A revolução começa uma etapa de aprofundamento nas ruas. Chamamos o povo a se organizar”, avisou o presidente, ressaltando que instruiu os governadores a conversar com conselheiros comunais, entre outros representantes do “poder popular”.
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“Vamos revisar as escolas, os liceus, as universidades. Relançar as Missões Robinson I e II [dedicadas à educação], ver quem voltou para a situação de analfabetismo. Também revisar a Missão Vivienda, para não só saber quantas casas foram construídas, mas também verificar a qualidade desses lugares, como as comunidades estão sendo construídas”, ressaltou Maduro.
Ele também reforçou que dará especial atenção ao setor elétrico, após denunciar atos de sabotagem que teriam sido cometidos para prejudicar o governo. “A guerra elétrica continua, mas já temos medidas contra isso. Ao resgate do sistema elétrico! Junto com as forças armadas”, afirmou, dizendo que opositores “aproveitaram os momentos de dor pela morte de Chávez para a guerra elétrica. Eu peço apoio de todo o povo”, falou.