O primeiro computador totalmente programável, o Eniac (Electronic Numerical Integrator and Computer), é apresentado em 14 de fevereiro de 1946 na Universidade de Pensilvânia. As dimensões impressionantes e as 30 toneladas se devem à utilização de tubos a vácuo, que seriam substituídos no futuro por transistores. O Eniac foi precedido pelo Colossus, projeto secreto que permitiu aos britânicos decifrar os códigos alemães.
O Eniac, desenvolvido pelos cientistas J. Presper Eckert e John Mauchly, podia resolver cinco mil problemas de adição em um segundo, muito mais rápido do que qualquer aparelho anteriormente jamais inventado.
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J. Presper Eckert em primeiro plano e John Mauchly no centro
Os cientistas sabiam que tinham criado algo que iria mudar a história, mas não estavam seguros de como fazer chegar esse grande avanço ao público em geral. Pintaram, então, números em algumas lâmpadas e enroscaram as “esferas translúcidas” resultantes nos painéis do Eniac. Luzes chamativas e agitadas seriam associadas posteriormente ao computador na mente do público.
Diferencial
Muitos historiadores reconhecem que outros computadores chegaram antes – o Z3 na Alemanha, o Colossus da Inglaterra, o Atanasoff-Berry Computer (ABC) no estado de Iowa, Estados Unidos. Contudo, o Eniac, pode-se dizer, conseguiu algo muito importante: despertou a imaginação de cientistas e industriais.
Em poucos anos, computadores surgiriam nas universidades, nas agências governamentais, bancos e companhias de seguros. Um computador Univac – com luzes decorativas, é claro – da companhia fundada subsequentemente por Eckert e Mauchly, previu o resultado das eleições presidenciais de 1952, enquanto outro apareceu num anúncio de sutiã buscando levar o avanço da ciência ao grande público.
A máquina de decodificar inglesa, Colossus, tornou-se famosa nos círculos militares. Porém, foi destruída assim que terminou a Segunda Guerra Mundial.
Comparado com outros computadores que realizaram as mesmas funções práticas, o Eniac era único em termos técnicos. Contava com um sistema decimal de 10 dígitos em vez de sistema binário de unidades e zeros usado por virtualmente todos os computadores que se seguiram, mesmo aqueles desenvolvidos por Eckert e Mauchly.
Os programas não podiam ser arquivados no Eniac. De fato, não utilizou ramificações condicionais – o se e quando que formam a pedra angular da moderna programação. E apenas um único Eniac foi construído: “Nada restou desse equipamento nas modernas máquinas, exceto, talvez, a eletricidade”, afirmou Jay Forrester, professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e um dos principais arquitetos de computadores do último século.
Numerosos cálculos
Mas os defensores respondem com um fato indiscutível: ele funcionou. Até ter sido inutilizado por um relâmpago em 1955, o Eniac resolveu problemas computacionais relativos ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio e outros projetos militares. O professor da Universidade da Pensilvânia, Irving Brainerd, certa vez especulou que durante as 80.223 horas de funcionamento, o Eniac realizou mais cálculos que o realizado pela humanidade desde o começo dos tempos.
Alguns dos competidores do Eniac, nomeadamente a ABC e a Z3, eram muito mais lentos e poderiam solucionar apenas pequenos problemas. A experiência de diversos inventores por detrás de seus computadores veio a se tornar uma história para simplesmente alimentar os egos científicos.
As raízes do Eniac e seus contemporâneos podem ser localizadas na Segunda Guerra Mundial. Unidades de artilharia empregaram tabelas para ajudá-los a prever a trajetória dos projéteis lançados, calculando as variáveis – o ângulo de tiro, as condições do terreno e outros fatores. Era uma tarefa extremamente monótona.
*Com apoio do site news.zdnet
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