Ao assumir a presidência do Paraguai, nesta quinta-feira (15/08), o empresário Horacio Cartes encontrará inúmeros desafios políticos e econômicos, como a situação de seu país no Mercosul e a pressão de professores em greve e movimentos sociais insatisfeitos com as investigações sobre o massacre de Curuguaty, que deu início ao golpe contra Fernando Lugo. O estudo da história paraguaia recente, porém, mostra que talvez a maior dificuldade de Cartes seja se manter no poder durante os cinco anos de sua administração.
Agência Efe
Cartes apresentou seus ministros na última segunda-feira
Desde o final da ditadura de Alfredo Stroessner, em 1989, cinco pessoas venceram eleições presidenciais no país, sendo que uma delas, Andrés Rodríguez Pedotti, já estava no poder após a saída do próprio Stroessner. Dos outros quatro presidentes, apenas dois conseguiram completar o mandato: Juan Carlos Wasmosy (1993-1998) e Nicanor Duarte Frutos (2003-2008). Raúl Cubas Grau e Fernando Lugo foram destituídos por motivos diferentes, embora os dois casos tenham sido levados para julgamento político no Congresso.
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Cubas Grau renunciou em 28 de março de 1999, um dia antes da decisão do Senado sobre seu impedimento. O então presidente era acusado de planejar o assassinato do vice, Luís Carlos Argaña, que havia rompido com o governo devido à libertação do coronel Lino Oviedo.
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Lugo, por sua vez, foi retirado do poder sob a justificativa de “mau cumprimento de suas funções” durante o massacre de Curuguaty, no qual morreram 11 camponeses e seis policiais. Depois do golpe entrou Federico Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, outro vice-presidente que retirou o apoio ao governo. Ele será o responsável por passar a faixa para Cartes.
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A posse do empresário representa o retorno ao poder do Partido Colorado, que governou o Paraguai de 1948 a 2008, quando Lugo assumiu. Esses 60 anos de seu partido na presidência, aliás, foram fundamentais para a vitória de Cartes, que contou com grande apoio do funcionalismo público. Durante as administrações coloradas, a filiação era muitas vezes exigida para a obtenção de um emprego no governo.
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A cerimônia de hoje deverá contar com a presença de três presidentes que fazem parte do Mercosul: Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai). O venezuelano Nicolás Maduro, no entanto, que ocupa a presidência temporária do bloco até o final deste ano, não foi convidado.
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A Venezuela entrou no Mercosul durante o período em que o Paraguai está suspenso do bloco, o que ocorreu devido ao golpe contra Lugo. Em julho, os países do bloco decidiram colocar fim à sanção logo após a posse de Cartes, mas o paraguaio disse que só pretende voltar em 2014, com outro país na liderança do grupo.