O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, manteve o tom de ameaça contra a Rússia neste domingo (27/04), acusando Vladimir Putin de “não ter levantado um dedo” para ajudar a solucionar a crise dos manifestantes pró-Rússia no leste e sul da Ucrânia.
Agência Efe
Manifestantes seguram bandeira da Rússia em apoio a grupo que ocupou TV regional em Donetsk neste domingo (27)
As declarações foram dadas durante entrevista coletiva concedida em Kuala Lumpur, capital da Malásia. O presidente afirmou ainda que Putin se encontra “isolado” e que a chave do problema está no “respeito à integridade territorial” da Ucrânia.
Estados Unidos e a União Europeia estudam a adoção de sanções punitivas a Moscou. Uma nova reunião deverá ser realizada nesta semana para estudar a questão, pois ainda não há um consenso sobre a imposição de medidas mais amplas que atinjam a economia da Rússia em geral.
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Washington tem sido mais enfático que seus aliados quanto às possíveis sanções. Muitos países europeus estão preocupados com os riscos que tais ações podem trazer. Isso porque a região tem 10 vezes mais comércio com a Rússia do que os Estados Unidos e importa aproximadamente um quarto de seu gás natural do país euro-asiático.
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A relação entre os países se agravou ainda mais na última semana após um grupo de manifestantes pró-Rússia sequestrar, há três dias, um grupo de oito militares europeus em missão de observação na Ucrânia, sob a alegação de serem espiões da Otan.
Situação dos militares
Um dos oito observadores internacionais detidos na última sexta-feira (26/04) foi posto em liberdade neste domingo. O homem de nacionalidade sueca foi libertado por ser portador de diabetes, como informou o prefeito autodeclarado de Sloviansk, Vyacheslav Ponomaryov, à Agência Reuters. Os demais sete observadores seguem em poder dos manifestantes e não há previsão para a libertação. Neste sábado (26), Ponomaryov anunciou a possibilidade de trocá-los por manifestantes pró-Rússia detidos pelo governo ucraniano.
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O coronel alemão Oberst Axel Schneider, chefe da missão de inspetores militares, no entanto, declarou que o grupo não se considera “prisioneiro”, mas ressaltou que não sabe quando poderá retornar para casa, como informou a Agência Efe. “Desejamos do fundo de nossos corações voltar para nossas nações o mais rápido possível”, afirmou. E disse desconhecer as exigências para a libertação, mas garantiu que os sete estão em um lugar com boas condições, “com calefação e ar condicionado”.
O envio de uma missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), composta pela Rússia – bem como por todos os membros da Otan – à Ucrânia foi aprovado por Moscou, mas os soldados detidos fazem parte de uma missão separada do organismo que não requer o consentimento de Moscou, como esclareceu a Reuters.
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Os militares estão no país devido ao “Documento de Viena”, assinado em 2011 pelos países da OSCE, segundo o qual qualquer Estado membro pode solicitar o envio de observadores militares estrangeiros desarmados a seu próprio território, como a Ucrânia fez no último mês de março.
Agência Efe
Manifestantes pró-Russia diante da entrada principal da TV regional de Donetsk ocupada neste domingo (27)
Tomada da Rádio e TV
Cerca de 400 manifestantes tomaram hoje (27), de forma pacífica, a sede da televisão e da rádio regional de Donetsk. Os manifestantes derrubaram um dos portões e entraram no prédio, onde içaram a bandeira da autoproclamada “república popular de Donetsk”.
Após tomar o controle o grupo exigiu que os veículos transmitam os canais estatais russos. O governo de Kiev bloqueou, no último mês, a transmissão desses canais, que, segundo o governo, serve à “propaganda do Kremlin”.
De acordo com agências internacionais, os manifestantes cantavam “Donetsk é uma cidade russa! Rússia, Rússia!” e autoconvocaram um referendo sobre a autonomia da região, a exemplo do que ocorreu na Crimeia, para o próximo dia 11 de maio. A consulta foi declarada ilegal por Kiev.