A presidenta Dilma Rousseff disse nesta terça-feira (15/07) que os integrantes do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) concordam que o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) precisa de uma reformulação. Na Declaração de Fortaleza, documento resultante da 6ª Cúpula do Brics, realizada hoje (15) em Fortaleza, os cinco países cobraram a revisão geral das cotas do FMI, sem atrasos.
Os representantes das cinco grandes economias emergentes também defenderam a implementação de reformas no FMI (Fundo Monetário Internacional), para modernizar a estrutura de governança do órgão e refletir melhor sobre o papel das nações emergentes.
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Agência Efe
Dilma Rousseff cumprimenta o chefe de Estado sul-africano durante plenária da 6ª Cúpula dos Brics, em Fortaleza
“O Conselho de Segurança da ONU encontra crescentes dificuldades para oferecer respostas eficazes aos desafios que se apresentam, sendo vítima de uma erosão de sua legitimidade e relevância”, disse a presidente brasileira durante encontro do bloco em Fortaleza. “Todos os líderes coincidiram, chamando a atenção para a necessidade de uma urgente reforma nessa respeitável e indispensável instituição”, acrescentou.
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O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos), que possuem direito a veto. Também fazem parte também do colegiado dez membros não-permanentes, que são eleitos pela Assembleia Geral com mandatos de dois anos.
Em seu discurso, Dilma disse que os líderes do Brics defendem a necessidade de reforma no colegiado da ONU para “rever sua distribuição de poder de voto, de maneira a refletir o peso inquestionável dos países emergentes na economia mundial.”
Sistema financeiro mundial
Após a reunião de cúpula, que oficializou a criação de um banco exclusivo dos Brics, além de um fundo emergencial de US$ 100 bilhões, Dilma Rousseff também defendeu a reforma das cotas, com o cumprimento dos acordos firmados pelo G20, que previam a reforma do FMI e do Banco Mundial. Segundo ela, as modificações nas cotas poderiam garantir que essas entidades refletissem o real poder das economias emergentes.
A presidenta destacou que a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, que irá financiar projetos dos países do Brics, não é uma resposta à falta de reforma do FMI. “É uma resposta às nossas necessidades. Acredito que, mesmo com a criação do banco do Brics, fica ainda colocada na pauta a mudança das cotas, que é importante para dar sustentação e legitimidade a uma instituição multilateral, que é o Fundo Monetário”, disse.
Oriente Médio
Segundo Dilma, durante a reunião de cúpula, os chefes de Estado do Brics discutiram conflitos regionais, especialmente no Oriente Médio. A presidente brasileira lamentou ainda a falta de avanços concretos na região e disse que as soluções para estes conflitos passam pela via do diálogo. “Concordamos em que é essencial, nesses e em outros casos, o envolvimento construtivo e coeso da comunidade internacional, evitando-se ações unilaterais, que atendem a conveniências de países específicos, mas comprometem soluções negociadas e de interesse da grande maioria”, disse.
No documento final da cúpula, a Declaração de Fortaleza, os líderes do Brics reafirmaram o compromisso do bloco em contribuir para uma solução “abrangente, justa e duradoura” para o conflito entre Israel e Palestina. Também manifestou preocupação com a situação na Ucrânia, no Iraque e na Síria.