Nesta segunda-feira (18/12), é comemorada a Jornada Internacional dos Migrantes. Na Tunísia, uma ONG pediu que sejam feitos testes de DNA nos restos mortais de imigrantes encontrados mortos no mar. O objetivo é criar uma base de dados para identificá-los, permitindo às famílias que façam o luto da perda de seus parentes.
Segundo Romdhabe Bem Amor, da organização Fórum Tunisiano para os direitos econômicos e sociais, o governo do país deve responder “aos anseios das famílias das pessoas desaparecidas, que têm o direito de saber o que aconteceu com seus filhos”, declarou o representante da associação, usando o termo “tragédia humana.”
“Nenhuma identificação é feita. Colocamos os cadáveres nos sacos e eles são enterrados. Pedimos pelo menos que um cemitério digno desse nome para enterrar as pessoas que forem identificadas”, disse Rim Bouharou, outra representante da organização em entrevista à repórter Léa-Lisa Westerhoff, da RFI. “As pessoas têm o direito de serem enterradas com um mínimo de dignidade, e as famílias tem o direito de saber onde elas estão quando questionadas”, completou.
Gabriella Paolini/Flickr
Objetivo é criar uma base de dados com identificação dos desaparecidos
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Identificação difícil
Segundo a ONG, muitos dos cadáveres, levados pela correnteza marítima, acabam naufragados perto de Zarzis, no sul da Tunísia, onde um ex-pescador, Chamseddine Marzoug, enterra voluntariamente os imigrantes em um terreno baldio. Centenas de cadáveres foram enterrados e identificados apenas com um número, que possibilita o acesso a um relatório de um médico-legista local.
Segundo Bouharou, 74 pessoas anônimas foram enterradas no cemitério da cidade. Outros corpos foram enterrados em vários locais na Tunísia, mas sem as amostras de DNA, eles não poderão ser identificados. Ela também explica que muitos dos refugiados acabam bloqueados no país, por conta da burocracia, que complica a vida dos imigrantes e acaba impedindo que eles deixem o país.
Tunisianos deixam também o país
Uma boa parte da população na Tunísia deixou o país nos últimos anos, em razão da crise econômica e de segurança, sete anos depois da revolução que resultou na queda da ditadura de Ben Ali. Em outubro, cerca de 50 pessoas morreram na colisão entre um barco de migrantes e um navio militar, provocando uma grande comoção no país.