Após dois anos da revolução popular, que derrubou o regime de Muammar Kadafi, a Líbia voltou a ser palco de uma partida oficial de futebol nesta sexta-feira (05/04), com uma partida confronto da Copa das Confederações da CAF em Benghazi, antiga capital dos rebeldes.
O Al-Nasr, de Benghazi, e o FAR Rabat, do Marrocos, se enfrentaram no estádio Mártires de Fevereiro, e empataram em 1 a 1, no jogo de volta da competição, que selou a eliminação do time líbio, que havia perdido o jogo de ida por 1 a 0. Na fase preliminar, a equipe teve que jogar em Hammam, na Tunísia.
Esse jogo entrou para a história por ser o primeiro de uma competição internacional jogado no país, depois que a CAF suspendera, no dia 25 de março, o veto que havia imposto à Líbia. Lá, os nove meses de conflito armado acabaram com a prática de todos esportes.
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A comoção pelo retorno do futebol de alto nível ao país foi tanta que o estádio ficou completamente lotado por torcedores do Al-Nasr, que empurraram sua equipe na tentativa da vitória.
A partida acabou sendo um grande teste, que foi considerado positivo para o recomçeo do futebol do país. “De acordo com a evolução das coisas, o Campeonato Líbio começará em agosto”, disse à Agência Efe o diretor de informação do Ministério de Juventude e Esportes, Mazen Dribeka.
O responsável pelo Ministério de Esportes declarou que não só a falta de segurança atrasou o começo das competições, mas também o desmantelamento da Federação de Futebol durante a guerra, a falta de organização, a escassez de verbas e as deficiências logísticas.
Até o momento, os jogos dos clubes e da seleção eram sempre disputados fora da Líbia. Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, na única partida que fez em casa, atuou na cidade de Sfax, na Tunísia. Na qualificatória para a Copa Africana de Nações 2013, a seleção do país atuou em Casablanca, no Marrocos.
Nos dias 7 e 14 de junho, os líbios voltarão a atuar em casa, contra República Democrática do Congo e Togo, ainda sem local definido.
No dia 19 de setembro já havia sido disputado um jogo no país, quando o Al Ahly, da cidade de Trípoli, disputou um amistoso contra o Valetta, de Malta, na primeira partida internacional desde a revolução de 17 de fevereiro.
O ex-atleta da seleção líbia, Ahmad Al Falah, disse que o jogo foi “uma mensagem ao mundo de que Trípoli é uma cidade segura e que a capital e a Líbia vivem em estabilidade”.
No dia 17 de fevereiro de 2011, a população se revoltou contra o regime de Kadafi, que respondeu com violência contra as manifestações. Em poucos dias, a revolta popular passou a ser armada e dominou Benghazi, segunda maior cidade do país.
Durante os nove meses de guerra, entre fevereiro e outubro de 2011, a cidade se transformou na capital dos rebeldes, que após o fim do conflito foram para Trípoli.
Os governos de transição não consiguiram manter uma autoridade e as manifestações se tornaram cada vez mais sangrentas, com assaltos as instituições e represálias contra as forças de segurança.
Dribeka afirmou que mantém contato com Ministério do Interior, com quem coopera para garantir a segurança dos eventos e declarou que buscará ajuda internacional para manter a paz nos estádios. “As equipes de futebol e nossa seleção sofreram com o perigo que todos sofremos”, disse à Efe o jornalista esportivo Abdelfatah Zakari.
Zakari também declarou que a Líbia deve aproveitar a chance para demonstrar que pode receber seus hóspedes com “segurança, hospitalidade e espírito esportivo”.
A população local, no entanto, ainda é temerária quanto as condições de segurança nos jogos de futebol. “Agora começa uma etapa difícil, em que será preciso receber as equipes e protegê-las, especialmente se perdermos em casa”, disse Nouri Mohammed, líbio aficcionado pelo esporte.