O advogado assassinado no ano passado na Guatemala, em um caso que envolveu o presidente do país, Álvaro Colom, teria encomendado a própria morte como forma de incriminar o chefe de Estado. A conclusão surpreendente foi divulgada hoje (12) por uma comissão da ONU que investigou o crime.
O jurista espanhol Carlos Castresana, que presidiu a comissão, afirmou que Colom é inocente da acusação de assassinato feita pelo morto, o advogado Rodrigo Rosenberg, em um vídeo gravado dias antes de ser assassinado, em 10 de maio de 2009. Segundo a Cicig (Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala), Rosenberg teria planejado o próprio assassinato.
“Nas investigações que realizamos até agora, não encontramos nenhum indício da participação do presidente”, declarou, em entrevista coletiva.
Ainda segundo o jurista, o advogado planejou a própria morte para provocar uma convulsão política no país, por conta dos assassinados do empresário Khalil Musa e sua filha Marjorie, seus amigos e clientes. Rosenberg acreditava que eles tinham sido mortos como queima de arquivo por saberem de casos de corrupção em órgãos públicos.
“Rosenberg, que era uma pessoa honrada, sabia o que fazia, agiu sozinho, não conspirou com ninguém e não disse a ninguém o que iria fazer”, acrescentou Castresana. “Não houve nenhuma conspiração” concluiu o jurista.
Vídeo
“Quando vocês estiverem assistindo a esse vídeo, eu já estarei morto”. Assim começa um vídeo deixado por Rosenberg, dias antes de ser encontrado morto. No vídeo, ele diz saber que seria morto a mando do presidente Álvaro Colom, da primeira-dama Sandra Torres e do secretário particular presidencial Gustavo Alejos. A acusação foi o estopim de uma crise política no país.
No entanto, para Castresana, o vídeo “não é nenhuma prova, mas apenas uma denúncia”.
Segundo ele, Rosenberg teria dado instruções para seu próprio assassinato, e contou que o advogado pediu a seus primos, os empresários Francisco José Valdés Paiz e José Estuardo Valdés Paiz, que encomendassem uma execução. Por sua vez, estes, de acordo com Castresana, teriam pedido para seu guarda-costas encontrar um matador de aluguel. Mas não sabiam que a vítima seria o próprio primo.
Celulares
As investigações foram baseadas em celulares apreendidos de pessoas envolvidas no caso, explicou Castresanas. Rosenberg mantinha duas linhas telefônicas, pelas quais forçava extorsões, para poder ter evidências posteriormente.
Até agora, 11 pessoas estão presas, enquanto os primos de Rosenberg e seu segurança continuam foragidos.
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