O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (22/02) um pacote de sanções contra a Rússia após o seu homólogo russo, Vladimir Putin, reconhecer a independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia – Donetsk e Lugansk.
A decisão foi anunciada durante discurso na Casa Branca e inicialmente bloqueia duas instituições financeiras militares, proíbe negociações com a dívida russa e impõe sanções a pessoas físicas e seus familiares a partir desta quarta (23/02).
“Eles compartilham os jogos corruptos das políticas do Kremlin e devem compartilhar a dor também”, afirmou Biden. O mandatário disse ainda que as novas sanções devem ser “muito mais severas'' do que as promulgadas após a anexação da península da Crimeia ao território russo em 2014 e que a Rússia será banida das finanças ocidentais.
“E se a Rússia for mais longe com essa invasão, estamos preparados para ir mais longe com as sanções”, declarou o mandatário. Ele defendeu que o reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk representa uma “flagrante violação do direito internacional”, o que, segundo ele, exige uma “resposta firme da comunidade internacional”.
O presidente afirmou que os EUA estão trabalhando com a Alemanha para garantir que gasoduto Nord Stream 2 “não avance”. A estrutura, que já foi construída, mas ainda sem certificação para funcionar, transportaria gás natural diretamente da Rússia para a Alemanha, dobrando o fornecimento de gás para a Europa. Nesta terça, o governo alemão anunciou a suspensão do acordo para a implementação da plataforma.
Biden declarou também que os Estados Unidos vão continuar fornecendo “assistência defensiva” à Ucrânia, e que as forças militares norte-americanas e os equipamentos norte-americanos atualmente estacionados na Europa devem ser enviados à Estônia, Letônia e Lituânia para fortalecer as defesas desses países.
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EUA vão defender ‘cada centímetro’ da Otan, disse Biden
“Deixe-me ser claro, estes são movimentos totalmente defensivos de nossa parte. Não temos intenção de guerrear contra a Rússia”, disse, acrescentando que o objetivo é enviar uma mensagem de que seu país, junto de aliados, vão defender “cada centímetro” do território que integram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Por fim, o mandatário dos EUA afirmou que “ainda há tempo de evitar o pior cenário” e que o país, junto dos aliados, permanecem abertos a uma solução diplomática.
Putin, nesta segunda-feira (21/02), ao reconhecer a independência das cidades na região de Donbass, no leste da Ucrânia, que destacou que o território ao lado “não é somente um país vizinho”, mas também “uma parte importante de nossa história”.
A embaixada dos EUA em Kiev, prosseguiu o presidente, controla diretamente as ações anticorrupção na Ucrânia sob o pretexto de contribuir para uma luta mais eficaz, “mas a corrupção está mais enraizada que nunca''.
Na ocasião ele afirmou que os “radicais” que tomaram o poder na Ucrânia em 2014 criaram um ambiente de terror, com uma onda de assassinatos impunes, com destaque para um acontecimento na cidade de Odessa, em que sindicalistas de oposição foram queimados vivos por discordarem do movimento. Ele sublinhou que os responsáveis pelo atentado têm seus nomes conhecidos e “tudo será feito para puni-los”.
Ele também voltou a declarar que a adesão da Ucrânia à Otan é uma ameaça à segurança euroatlântica, dizendo que seu país foi enganado pela aliança militar que havia prometido não se expandir para o leste da Europa.
Putin disse ainda que os países ocidentais e o governo ucraniano não estão interessados em uma saída para a questão na fronteira, mas sim em “promover uma guerra relâmpago, como aconteceu em 2014”.
O mandatário afirmou que a Rússia está sendo “novamente” chantageada com sanções econômicas e diplomáticas e que isso acontece independente da situação na Ucrânia, porque, segundo o mandatário, o objetivo do Ocidente é “conter o desenvolvimento russo”.
*Com Ansa