Apoiadores e opositores ao governo da Venezuela vão às ruas nesta quarta-feira (12/02), em meio a um clima de tensão. Os últimos dias no país foram marcados por focos de protestos de estudantes, que acusam autoridades de repressão, enquanto o governo afirma que líderes opositores querem incentivar a violência no país.
Efe
Maduro sobre a marcha opositora: “há planos para encher de sangue a Venezuela esse dia por mentes financiadas de fora”
Por um lado, líderes opositores convocam a marcha em meio a uma campanha denominada “La Salida”, na qual discutem uma “mudança de regime”. Universitários também convocam o protesto no dia em que se celebra a juventude do país, pedindo a liberação de estudantes presos durante uma manifestação no Estado de Táchira. Do outro, o governo também convocou uma manifestação da juventude pela celebração do bicentenário da Batalha da Vitória, uma das lutas independentistas.
Maduro alertou a população que os opositores têm a intenção de promover a violência.“Há planos para encher de sangue a Venezuela esse dia por mentes financiadas de fora”, disse, ressaltando que quem violar as leis, promover agressões e exercer a violência, “verá a cara da justiça”. “Aqui não vai ter impunidade, nem mão débil. Aqui vai ter mão de ferro com os conspiradores e os fascistas”, afirmou na estreia do programa conduzido pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, na televisão estatal.
O clima de tensão no país aumentou nos últimos dias, desde que os líderes opositores Leopoldo López, do partido Vontade Popular, e a deputada Marina Corina Machado, convocaram um dia de assembleias nas quais se discutia a “saída” do governo de Maduro. Em algumas das convocatórias disponíveis na web se lê o pedido “Maduro renuncie”. Segundo Cabello, a intenção dos dirigentes é promover disturbios no protesto desta quarta.
No dia 2 de fevereiro, em Caracas, uma pesquisa abordava as “opções constitucionais” para uma “mudança de regime”, dando como possibilidades a “renúncia do presidente (pedida pelo povo)”, emenda constitucional para recortar o período presidencial, constituinte “para que assuma todos os poderes públicos e destitua as atuais autoridades”, além de referendo revocatório para 2016, desobediência civil e a espera das eleições presidenciais de 2018.
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Um protesto, realizado por opositores em frente a um hotel na Ilha de Margarita durante os jogos da Série do Caribe contra a presença de jogadores de baseball da equipe cubana, terminou com detenções. Na última quinta, o governador de Táchira, José Gregorio Vielma, acusou manifestantes de promoverem ações vandálicas, com uso de pedras, paus e gasolina. Um vídeo difundido pelo governo mostra um grupo agredindo o portão de sua residência oficial.
O governo acusou López de estar por trás das ações. O dirigente opositor afirmou não ser responsável pela violência e atos irregulares e disse que foi impedido de viajar ao estado, que faz fronteira com a Colômbia, na companhia aérea estatal na última segunda-feira. Nos últimos dias, pequenos focos de protestos opositores foram registrados em diferentes cidades do país.
Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e ex-candidato presidencial, que tinha se desvinculado da campanha dos assembleias dos líderes, manifestou apoio aos estudantes presos e à marcha desta quarta. “Todo nosso apoio ao Movimento Estudantil que hoje convocou mobilizações pacíficas no país! O protagonismo é de vocês!”, escreveu em seu perfil no Twitter.