Dirigentes do movimento indígena boliviano disseram nesta sexta-feira (19/08) que só irão negociar o fim dos protestos contra a construção de uma estrada com o presidente do país, Evo Morales. A obra, que é financiada em parte pelo Brasil, causa polêmica porque irá dividir o Parque Nacional Isiboro Sécure, maior reserva florestal boliviana, também conhecida como Tipnis.
O presidente da Cidob (Confederação de Povos Indígenas do Oriente da Bolívia), Adolfo Chávez, disse que, se Morales não estiver presente, não será preciso que as autoridades do país se desloquem até o município de San Ignácio de Moxos, para negociar com os indígenas.
Morales indicou recentemente o secretário da Presidência, Carlos Romero, para encabeçar a negociação, alegando falta de tempo.
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Para o ativista Chávez, “se o presidente não for à marcha, a marcha irá até La Paz” em aproximadamente 30 dias. Esta questão trata da “defesa dos direitos dos povos indígenas e [de] evitar danos irreparáveis à mãe natureza”, concluiu. Ele também afirma que a obra prejudicará a cultura da região.
A marcha, composta de cerca de 1.200 pessoas, entre elas muitas mulheres e aproximadamente 100 crianças, deve chegar a San Ignácio de Moxos, cidade onde terminará a estrada, na madrugada de sábado, após caminhar 90 dos 600 quilômetros até a capital boliviana.
O dirigente da mobilização indígena ainda confirmou que foi enviada uma missão ao Brasil para pedir o congelamento do crédito financeiro para a construção do trecho II da estrada – que ligará os municípios de Villa Tunari e San Ignacio de Moxos. A delegação espera se encontrar nesta sexta-feira com as autoridades brasileiras.
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O projeto da rodovia tem custo de 410 milhões de dólares, dos quais 350 milhões foram concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sua construção está a cargo da empreiteira brasileira OAS, que venceu a licitação em 2008.
No começo de agosto, o governo brasileiro anunciou que o financiamento do trecho estava suspenso. De acordo com o embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Fortuna Biato, o investimento “somente será concedido quando, na Bolívia, terminarem os estudos de impacto sócio-ambiental”.
A Cidob pediu recentemente que a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) tomasse “medidas cautelares” para evitar que a obra seja construída.
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