A soltura de Albert Woodfox, que integrou os Panteras Negras e está preso em uma solitária há 43 anos nos Estados Unidos, foi novamente adiada. Woodfox é o último integrante dos Três de Angola, grupo de ativistas que foi acusado de matar um guarda prisional em 1972.
Divulgação/ Angola 3
Campanha para a libertação de Woodfox realizada no ano passado: 42 anos de solitária, 42 anos de inocência
O juiz federal James Brady ordenou a libertação de Woodfox na segunda-feira, mas decisão foi contestada por um recurso do procurador-geral de Louisiana, Buddy Caldwell. Brady havia decidido barrar qualquer recurso do Estado pela manutenção de Woodfox, com 68 anos e a saúde abalada, na prisão.
Mas uma corte de apelação não aceitou essa parte da sentença. Com a decisão de aceitar o recurso de Caldwell nesta sexta-feira, Woodfox terá de esperar na prisão até que as partes voltem a ser ouvidas.
A corte que tomou a decisão pediu celeridade ao processo. Mas Tory Pegram, coordenador da campanha internacional Coalizão para a Liberdade dos Três de Angola, disse que uma nova decisão pode levar semanas ou até mesmo meses.
Ao decidir pela libertação, Brady afirmou que “Mr. Woodfox permaneceu em condições extraordinárias de confinamento por aproximadamente 40 anos, e ainda hoje não há condenação válida para mantê-lo na prisão, ainda mais em uma solitária”.
Ativistas veem a manutenção de Woodfox por 43 anos em regime de isolamento como uma mostra do desrespeito aos direitos humanos no sistema judiciário e prisional dos Estados Unidos. Cerca de 80 mil presos no país vivem nessas condições.
“Um terceiro julgamento seria injusto na melhor das hipóteses. Com todas as testemunhas chave mortas. Também não há nenhuma razão para Woodfox, um idoso e com a saúde debilitada, permanecer na solitária”, afirmou o seu advogado.
Três de Angola
Os três Panteras Negras foram detidos em 1971 por um assalto à mão armada e foram levados para o Estabelecimento Prisional do estado do Louisiana — a maior prisão de segurança máxima dos EUA, conhecida como Angola, em referência a uma antiga plantação para onde os escravos eram levados no século 19. Eles negaram qualquer participação em atos criminosos.
Meses depois, Woodfox e Wallace foram acusados, julgados e condenados pelo homicídio do guarda prisional Brent Miller e enviados para a solitária. King, por sua vez, foi acusado de estar envolvido na morte do guarda, mas não foi julgado; foi condenado pela morte de outro detento. King e Wallace foram soltos, respectivamente, em 2001 e 2013. Wallace morreu poucos dias após deixar a prisão.
Apesar das condenações, eles sempre negaram envolvimento nas mortes. Integrantes do Panteras Negras — movimento em defesa dos direitos dos negros e contra a violência policial — eles afirmaram durante todo o tempo em que estiveram detidos que foram colocados na solitária por lutarem por melhores condições de vida na prisão.
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