A cidade curda de Halabja é bombardeada em 16 de março de 1988 com armas químicas utilizadas contra o Irã na Guerra Irã-Iraque (1980- 1988). Pela primeira vez um Estado emprega agentes químicos ofensivos contra a sua própria população. O balanço é catastrófico: contam-se cinco mil mortos, homens, mulheres e crianças.
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Foto de uma rua de Halabja tirada após o ataque
As imagens desse morticínio correm o mundo. Tal massacre ocorreu nos quadros da repressão contra os curdos, que se aproveitaram da guerra Irã-Iraque para retomar sua luta contra Sadam Hussein e conseguir a plena independência do Curdistão, ao norte do Iraque. Com efeito, alguns dias antes, a cidade de Halabja havia sido tomada pelos peshmergas (guerrilheiros) da União Patriótica do Curdistão, ligados aos Guardiães da Revolução iraniana (pasdaran).
No momento em que a guerra entre Iraque e Irã chegava ao fim, os peshmergas curdos tomaram o controle da localidade nas montanhas do Curdistão. O Exército iraquiano respondeu com o bombardeio de Halabja, o que obrigou os combatentes curdos a fugir para as colinas, deixando para trás mulheres e crianças.
No dia 16 de março, caças iraquianos começaram a sobrevoar a região no fim da manhã. Durante cinco horas, lançaram uma mistura de gás mostarda com gases neurotóxicos Tabun, Sarin e VX na área.
Mais de 20 caças iraquianos Migs e Mirages sobrevoaram a cidade de Halabja, 241 quilômetros a nordeste de Bagdá, em 16 de março de 1988. Testemunhas contaram ter visto nuvens de fumaça cujas cores se intercalavam em branco, preto e amarelo, subindo até 46 metros no ar. Pelo menos cinco mil curdos — 75% deles eram mulheres e crianças — morreram na hora. Muitos dos dez mil feridos, transportados para Teerã, desenvolveram sequelas após a exposição ao gás mostarda, inclusive problemas visuais e respiratórios. Em longo prazo, as vítimas apresentaram cegueira; desordens neurológicas e digestivas; leucemia, vários tipos de câncer e defeitos congênitos.
A ofensiva de Halabja foi o ápice de uma campanha de repressão contra os curdos, denominada Al-Anfal, entre 1986 e 1989, na qual morreram mais de 182 mil civis no Curdistão iraquiano. A operação foi dirigida por um dos primos de Saddam, Ali Hassan al-Majid, conhecido como “Ali Químico”.
Os detalhes do massacre de Halabja só sugiram dias depois. As primeiras imagens do massacre foram feitas e divulgadas por jornalistas iranianos. Quando o fotógrafo Kaveh Golestan chegou à cidade, ficou chocado com o que viu. “A vida congelou. Era um novo tipo de morte para mim. Você vai a uma cozinha e se depara com o corpo de uma mulher segurando uma faca, cortando uma cenoura”, descreveu ao jornal Financial Times. Inicialmente, a Agência de Inteligência do Pentágono culpou o Irã pelo ataque. No entanto, a maior parte das pistas indicava que o ataque fez parte de uma ação do Iraque contra forças iranianas e a população curda.
Os efeitos da ofensiva ainda são notados até os nossos dias em Halabja, que tem casas destruídas e, sobretudo, porque seus habitantes sofrem de doenças genéticas devido às armas químicas.
Também nesta data:
597 a. C – Jerusalém cai nas mãos de Nabucodonosor
1935 – Contrariando Tratado de Versailles, Alemanha restaura seu serviço militar
1968 – Tropas dos EUA cometem o massacre de My Lai
1979 – Morre Jean Monnet, “pai da Europa” e negociador ímpar entre as duas grandes guerras
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