Acontece nesta quarta-feira (17/04), às 19h, na Casa do Povo (Bom Retiro – SP) o lançamento de A morte de Vladimir Herzog – A desconstrução da versão do suicídio (Editora Alameda), de Alberto Kleinas. O evento, realizado com apoio do Instituto Vladimir Herzog e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, é também uma homenagem ao autor, falecido em novembro de 2022.
A fala inicial será do economista Marcelo Freire, amigo pessoal de Kleinas. Na sequência, o jornalista Pedro Pomar e o cineasta Luis Ludmer debatem o livro e a importância de Vladimir Herzog para o jornalismo brasileiro e a resistência contra a ditadura militar.
Alberto Kleinas nasceu em São Paulo, capital, em 1965. De origem judaica e por influência política de seu pai, atuou desde os anos 1980 em movimentos sociais de esquerda através do teatro popular, além de participar do Movimento Estudantil e dos primeiros anos do Partido dos Trabalhadores (PT). Mestre em Ciência Política, especializou-se nos temas da trajetória da esquerda judaica paulista e política internacional.
É com esse repertório que Kleinas reconta em A morte de Vladimir Herzog – a desconstrução da versão do suicídio a história de Vlado e das forças que operaram por trás da tragédia familiar e alimentaram a oposição ao regime militar. O autor resgata o movimento de jornalistas, lideranças religiosas e ativistas que desafiaram a versão do II Exército para a morte Herzog e questionaram parte da comunidade judaica que não desafiava o aparelho repressivo, conseguindo assim que o jornalista fosse sepultado no centro do Cemitério Israelita do Butantã, e não como um suicida.
“Na história, as biografias grosso modo tiram a humanidade daqueles que ela considera como marco, seja transformando-os em vítimas sacrificadas para a evolução do período histórico, seja como herói épico do mesmo, aqui e ali anedotas e fatos pitorescos, seja para colorir o relato, seja para induzir a conclusão de que a personagem estava de alguma forma fadada aos eventos que lhe renderão fama. O livro de Alberto Kleinas rompe com isso tratando da desconstrução do suicídio de Herzog, mas resgatando para o leitor como se deu a ‘construção’ histórica de Vladimir como jornalista e ativista”, reflete Marcelo Freire.
Herzog nasceu em Osijek (ex-Iugoslávia, atual Croácia), em 27/06/1937. Formado em Filosofia (USP), iniciou sua carreira no jornalismo em 1959, como repórter em O Estado de São Paulo. Passou pela TV Excelsior, Rádio BBC de Londres e pela revista Visão. Também trabalho no jornal alternativo Opinião e foi professor de jornalismo da FAAP e da ECA-USP. Assumiu a Direção de Jornalismo da TV Cultura em setembro de 1975. Em 25 de outubro deste mesmo ano, foi torturado e assassinado nos porões do Doi-CODI.
Após o assassinato, os militares forjaram uma falsa versão de suicídio. A farsa não se sustentou, e seu sepultamento no centro do Cemitério Israelita e o comparecimento de mais de 8 mil pessoas à Catedral da Sé em ato ecumênico com D. Paulo Evaristo Arns, o Rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Nelson Wright, em 31 de outubro de 1975, se tornaram marcos na luta pela democracia e na derrocada do regime ditatorial.
Uma certidão de óbito com a real causa da morte de Herzog foi emitida apenas em 2013, após decisão da Comissão de Anistia do governo federal.
Serviço:
Lançamento de A morte de Vladimir Herzog – A desconstrução da versão do suicídio, de Alberto Kleinas.
Data: quarta-feira (17/04), às 19h.
Local: Casa do Povo – Bom Retiro – São Paulo.