O candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), Enrique Peña Nieto, declarou-se vitorioso nas eleições presidenciais no México com base em uma amostragem conhecida como contagem rápida dos votos. Em discurso na capital, o ex-governador do Estado México garantiu que “não haverá retorno ao passado”, em referência indireta ao movimento estudantil #Yosoy132.
Peña Nieto pediu que as “diferenças e as tensões sejam deixadas de lado” e se comprometeu a encabeçar “uma Presidência moderna, responsável, aberta e crítica” e com “distintas expressões da sociedade”. Denúncias de fraudes e irregularidades durante a votação foram feitas por diversas organizações mexicanas, incluindo o #Yosoy132.
O candidato foi cumprimentado pelo presidente mexicano Felipe Calderón, do PAN (Partido Ação Nacional), mas Andrés Manuel López Obrador, do PRD (Partido da Revolução Democrática), recusou-se a fazer qualquer pronunciamento até um anúncio oficial dos resultados da votação.
A contagem rápida – feita com base em uma amostra de 7 mil atas de registros de votos de 143 mil mesas eleitorais – costuma ser um indicador confiável dos resultados das eleições mexicanas. Uma vitória de Peña Nieto levaria o PRI de volta ao poder após 12 anos. O partido governou o México de 1929 a 2000, até a vitória de Vicente Fox, também do PAN, presidente que antecedeu Calderón.
A volta do velho PRI
O PRI é acusado de — durante os 71 anos em que esteve no poder — simular eleições em uma aparente democracia. Há também suspeitas de fraudes eleitorais, incluindo repressão e violência contra os eleitores, e a utilização de recursos quando o sistema político não funcionava como o partido pretendia. Em 1990, o escritor peruano Mario Vargas Llosa chamou o governo mexicano, sob o PRI, de uma “ditadura perfeita”.
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Peña Neto, acompanhado por centenas de seguidores, votou em sua cidade natal de Atlacumulco, no subúrbio da capital mexicana. Impulsionado pela máquina do PRI e favorecido por seu jeito de galã de telenovela, Peña Nieto, advogado de 45 anos, prometeu um “governo eficaz” que proporcione segurança e crescimento econômico, em um país assolado pela violência e pela pobreza, que aflige 47% dos 112 milhões de mexicanos.
Seu principal adversário, López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México de 58 anos, que votou no sul da Cidade do México, pediu uma participação massiva: “É a única arma que os cidadãos têm para conseguir a mudança”.