Revoltado com a adoção por uma maioria da comunidade internacional de uma resolução pró-Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta sexta-feira (10/05), o embaixador de Israel na entidade internacional, Gilad Erdan, resolveu triturar a Carta da ONU.
De forma demonstrativa com uma cópia do documento e com um pequeno triturador que trouxe consigo para o pódio da sessão plenária da Assembleia Geral, o diplomata disse que era isso que os Estados estariam fazendo: “triturando a Carta da ONU com suas próprias mãos.
Erdan condenou a aprovação da resolução que recomenda que o Conselho de Segurança reconsidere favoravelmente a adesão da Palestina à organização internacional como membro e modifique as modalidades da sua participação nas reuniões.
“Vocês estão triturando a Carta da ONU com suas próprias mãos. Sim, é isso que vocês estão fazendo”, disse ele no momento em que destruia a carta.
Today, I demonstrated to the General Assembly what they are doing to the UN Charter by ignoring it and shredded it on the stage. I told the ambassadors that today will go down in infamy and I want the world to remember when they shredded the UN Charter to advance a Nazi regime… pic.twitter.com/NulOtHsAdK
— Ambassador Gilad Erdan גלעד ארדן (@giladerdan1) May 10, 2024
Pelo X (antigo Twitter), o embaixador israelense apelou falando que a votação desta sexta será um episódio que “cairá na infâmia” da história e declarando que destruíram a Carta da ONU ao promoverem um “regime nazi nas fileiras” da entidade internacional
Erdan ainda disse que a ação foi para mostrar aos outros países que eles estão, supostamente, “ignorando e destruindo” a Carta da ONU.
A resolução, apresentada pelos Emirados Árabes Unidos, contou com o apoio de 143 países, incluindo o Brasil. Apenas nove votaram contra, sendo Estados Unidos e Israel entre esses. Além disso, 25 Estados se abstiveram.
Isso significa que, a partir de setembro deste ano, a representação palestina na ONU contará com um assento na sala da Assembleia Geral, mas sem direito a voto – apenas a adesão forma do país como membro permitirá esse último passo, e para isso é necessária a aprovação do Conselho de Segurança, em uma etapa prévia do trâmite de aceitação.
O documento aprovado fala em “reconsiderar”, porque o Conselho de Segurança já avaliou um pedido de adesão da Palestina como membro pleno da ONU, durante sessão realizada há três semanas.
Atualmente, a Palestina é um “Estado observador não-membro”. Esse status foi garantido graças a uma resolução de 2012 que contou com 138 votos favoráveis, 41 abstenções e apenas nove votos contrários.
O Brasil, à época governado por Dilma Rousseff, entregou um dos votos a favor. Esse status, porém, não garante sua presença na Assembleia Geral, mas permite a sua representação em instâncias menores – embora, também sem direito a voto.
(*) Com Brasil 247 e RT Español.