Blaise Pascal é um meteorito na história do pensamento : foi físico, matemático, filósofo e teólogo. Morto de esgotamento e de enfermidade em 19 de agosto de 1662 com somente 39 anos, deixou uma obra prodigiosamente fecunda tanto no domínio das ciências quanto no campo da filosofia. Enriqueceu as letras francesas e universais com textos espirituais e místicos em sentido contrário às preocupações de seus contemporâneos.
Nascido na família de um conselheiro da Corte de Assistência Social de Clermont Ferrand, na Auvérnia (região central e bucólica da França), Pascal foi educado por seu pai na esteira e espírito de Montaigne e de Rabelais.
Curioso das ciências e da matemática, escreveu com onze anos um Tratado dos Sons, passando depois à geometria de Euclides. Aos dezesseis anos, escreve um ensaio que chamou a atenção da comunidade dos sábios.
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Espírito prático, distanciando-se nesse aspecto de seu colega mais velho, René Descartes, Pascal consegue pôr para funcionar uma máquina de calcular, a “pascalina” (foto à esquerda). Lançaria também, mais tarde, a primeira linha de transportes comuns de Paris, a primeira do mundo.Aos 23 anos, Pascal volta-se para a religião e, com sua irmã Jacqueline, descobre os escritos do abade de Saint-Cyran, diretor de consciência de Port-Royal e promotor das ideias de Jansénius, passndoa por sua “primeira conversão”. Na mesma ocasião, multiplica seus trabalhos de pesquisa e mostra interesse pelos problemas do vácuo.
Cientista precavido e cauteloso, reproduz a experiência de Evangelista Torricelli, um sábio italiano, inventor do barômetro a mercúrio (1608-1647). Em 19 de setembro de 1648, no ponto mais elevado do Puy de Dôme, um vulcão extinto, na região da Auvérnia, traz ao lado de sua irmã a prova da existência do vácuo e da força da gravidade demonstrando que o nível do mercúrio num termômetro de Torricelli desce à medida que a altitude aumenta.
O impacto ulterior desta experiência seria tal que Pascal se tornaria como seu colega mais novo, Isaac Newton, uma unidade de medida. Um Pascal representa um Newton por metro quadrado: 1Pa =1 N/m².
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Outra de suas contribuições foi à maemática, com o “Tratado do Triângulo Aritimético”, em que cada número representa a soma dos dois diretamente acima acima dele, demonstrando diversas propriedades matemáticas. Mais tarde, ficou conhecido como “Triângulo de Pascal”.
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Pascal encontra-se com Descartes, mas os dois espíritos são demasiado diferentes para que pudessem dialogar utilmente. O primeiro era místico e prático, o segundo era excessivamente abstrato e reservadamente agnóstico.
Na noite de 23 de novembro de 1654, o jovem Pascal, 31 anos, experimenta em seu quarto de dormir uma violenta experiência mística, que foi levada ao conhecimento geral por meio de um bilhete encontrado após a morte : o Memorial. “Fogo, Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, não dos filósofos e dos sábios”, escreveu. “Convicção. Sentimento, alegria, paz. Deus de Jesus Cristo … Esqueça-se do mundo e de tudo, exceto Deus”.
O sábio se aproxima dos jansenistas de Port-Royal. O jansenismo foi um movimento de caráter dogmático, moral e disciplinar, que assumiu também contornos políticos e que se desenvolveu principalmente na França, Bélgica, nos séculos XVII e XVIII, tendo sua oprigem nas ideias do bispo de Ypres, Cornelius Jansen. Renuncia quase inteiramente às ciências e se dedica à reflexão teológica.
Participante da querela entre os jansenistas e os jesuítas, publicando um célebre panfleto : “Os Provinciais” em que defende o rigor de Port-Royal e ridiculariza os jesuítas e sua preocupação de acomodação às realidades humanas.
Debilitado pela doença, joga todas as suas forças no projeto de uma grande obra teológica que não chegaria ao fim – dela nos restou uma coletânea de notas, “Os Pensamentos”.
Também nessa data:
14 – Morre o imperador Augusto, fundador do Império Romano
1572 – Rei Henrique IV, huguenote, se casa com Margaret de Valois, católica, na França, em uma tentativa de conciliar católicos e protestantes